quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Nosso Rui Barbosa


"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)"


Rui Barbosa, advogado, jornalista, jurista, político, diplomata, ensaísta e orador, nasceu em Salvador, BA, em 5 de novembro de 1849, e faleceu em Petrópolis, RJ, em 1o de março de 1923. Membro fundador da Academia escolheu Evaristo da Veiga como patrono da Cadeira n. 10 da Academia Brasileira de Letras.



Foto de Ruy Barbosa e esposa, capa do livro "Ruy Barbosa na Vila Maria Augusta"

O pai, João Barbosa de Oliveira, foi um homem voltado para os problemas da educação e da cultura. Durante anos, dirigiu a Instrução Pública de sua província. Foi ele a principal influência na formação do filho, orientando-o no amor à leitura dos clássicos e no respeito à documentação em suas pesquisas.


Depois dos estudos preparatórios na província natal, foi fazer o curso jurídico em Recife. Conforme tradição da época transferiu-se, em 1868, para a Faculdade de Direito de São Paulo. Lá foi proposto sócio, juntamente com Castro Alves, do Ateneu Paulistano, então sob a presidência de Joaquim Nabuco. Em sessões cívicas organizadas pelo Ateneu, recita poemas seus. Antes do fim de seu segundo ano do curso, já era jornalista conhecido. Após a formatura, em 1870, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira na tribuna e na imprensa, abraçando como causa inicial a abolição da escravatura. Deputado provincial, e depois geral, preconizou, juntamente com Joaquim Nabuco, a defesa do sistema federativo. Convidado para ministro do Gabinete Afonso Celso, pouco antes da proclamação da República, Rui Barbosa recusou o cargo, porque este era, no momento, incompatível com suas idéias federativas. Proclamada a República, Rui foi escolhido para Ministro da Fazenda do Governo Provisório, e respondeu, durante algum tempo, pela pasta da Justiça. Eleito senador pela Bahia à Assembléia Constituinte, seus conselhos prevaleceram nas reformas principais e a sua cultura modelou as linhas fundamentais da Carta de 24 de fevereiro de 1891. Discordando do golpe que levou Floriano Peixoto ao governo, requereu habeas-corpus em favor dos cidadãos presos pelo governo ditatorial de Peixoto. Como redator-chefe do Jornal do Brasil, abriu campanha contra a situação florianista. Em 1893, foi obrigado a se exilar. Dirigiu-se, em primeiro lugar, para Buenos Aires, depois para Lisboa, onde alguns incidentes levaram-no a escolher Londres. Escreveu, então, as famosas Cartas da Inglaterra para o Jornal do Comércio. Foi a primeira voz a levantar-se no mundo contra o processo Dreyfus.

Restaurada a ordem no Brasil, em 1895 Rui Barbosa regressou do exílio. Tomou assento no Senado, no qual se conservaria até à morte, sucessivamente reeleito. Destacam-se os seus trabalhos na redação do Código Civil. Epitácio Pessoa, então Ministro da Justiça, havia entregue essa tarefa a um jovem jurista pernambucano, Clóvis Beviláqua. Rui se opôs à pressa com que o governo realizara a obra. Depois de revisto por várias comissões, foi o projeto ao Senado, em 3 de abril de 1902, e Rui Barbosa escreveu, em poucos dias, o seu “Parecer”, que o levaria a uma polêmica, durante a qual sua “Réplica” se tornaria famosa. Em 1905, a Bahia levantou sua candidatura à presidência da República, mas Rui abriu mão da mesma para decidir a favor de Afonso Pena.

Quando, em 1907, o czar da Rússia convocou a 2a Conferência da Paz, em Haia, o Barão do Rio Branco, no Ministério das Relações Exteriores, escolheu primeiramente Joaquim Nabuco para chefiar a delegação brasileira, mas a imprensa e a opinião pública lançaram o nome de Rui Barbosa. Joaquim Nabuco recusou o lugar e dispôs-se a ajudar, com informações de toda a espécie, o trabalho de Rui Barbosa, investido de uma categoria diplomática não desfrutada até então por nenhum país da América Latina.


Charge da época mostrando Rui em um de seus longos discursos em Haia.Cartoon of the period showing Rui delivering one of his lengthy speeches in The Hague.
Charge de la época, mostrando a Rui durante uno de sus largos discursos en La Haya.

Seu papel em Haia foi de grande importância. Bateu-se, sobretudo pelo princípio da igualdade jurídica das nações soberanas, enfrentando irredutíveis preconceitos das chamadas grandes potências. Além de nomeado Presidente de Honra da Primeira Comissão, teve seu nome colocado entre os “Sete Sábios de Haia”. Os outros eram: o Barão Marshall, Nelidoff, Choate, Kapos Meye, Léon Bourgeois e o Conde Tornielli. De volta ao Brasil, interveio no início da sucessão presidencial. Apresentada a candidatura do marechal Hermes da Fonseca, a ela se opôs, lançando-se em sua campanha civilista, de grande repercussão em todo o país. Em 21 de julho de 1910, contestou perante o Senado a eleição do Marechal.

Em 1913, fundou o Partido Liberal, sendo mais uma vez indicado para a presidência da República, candidatura de que desistiu. No ano seguinte, combateu o estado de sítio, numa série de discursos no Senado. Durante a I Guerra Mundial, tomou o partido dos aliados e produziu discursos lapidares de execração à tirania e ao imperialismo. Nomeado embaixador especial para as festas centenárias da Independência argentina (1916), pronunciou notável conferência sobre as “Modernas concepções do Direito Internacional”, definindo os deveres dos países neutros. Em 1918, o Brasil comemorou o jubileu cívico de Rui Barbosa e quase o mundo inteiro associou-se a essa consagração. Convidado pelo presidente Rodrigues Alves para representar o Brasil na Conferência da Paz de Versalhes, recusou a embaixada, expondo em famosa carta, dirigida ao chefe da Nação, as razões da incompatibilidade. Em 1919, foi novamente levantada sua candidatura à presidência da República, e ele percorreu vários Estados, em campanha contra a decadência dos nossos costumes políticos. A vitória da campanha foi anulada pela intervenção militar. Por divergências, daí resultantes, com o Governo Epitácio Pessoa, em 1920, recusou a representação do Brasil na Liga das Nações. Dentro das comemorações do seu jubileu jurídico, como paraninfo dos bacharelandos de São Paulo, escreveu e proferiu a Oração dos moços. Em 1921, foi eleito juiz da Corte Internacional de Justiça, como o mais votado, recebendo as mais significativas homenagens do Brasil e de todo o mundo. Em 1922, proferiu o último discurso no Senado, concedendo o estado de sítio ao governo para dominar o movimento revolucionário. A notícia do seu falecimento, em 1o de março de 1923, foi comentada no mundo inteiro. O Times, de Londres, dedicou-lhe um espaço nunca antes concedido a qualquer estrangeiro.


Delegação Brasileira à II Conferência da Paz. De pé, da esq.: Antonio Batista Pereira, José Rodrigues Alves, Rodrigo Otávio de Langgaard Meneses, Artur de Carvalho Moreira, Abelardo Roças, Leopoldo de Magalhães Castro, Fernando Gustavo Dobbert. Sentados: Tancredo B. de Moura, Eduardo F. R. dos Santos Lisboa, Rui Barbosa, Roberto Trompowsky Leitão de Almeida e Carlos Lemgruber Kropf.


Na sala da Assembléia teve lugar a mais importante
reunião diplomática até então realizada.


O Palácio Binnenhof, que sediou a II Conferência da Paz, em foto da época

Na produção imensa de Rui Barbosa, as obras puramente literárias não ocupam a primazia. Ele próprio questionou se teria sido um escritor por ocasião do seu jubileu cívico, a que alguns quiseram chamar “literário”. Num discurso em resposta a Constâncio Alves, destacou de sua obra as páginas que poderiam ser consideradas literárias: O elogio do Poeta (Castro Alves), a oração do Centenário do Marquês de Pombal, o ensaio Swift, a crítica do livro de Balfour, incluída nas Cartas de Inglaterra, o discurso do Liceu de Artes e Ofícios sobre o desenho aplicado à arte industrial, o discurso do Colégio Anchieta, o discurso do Instituto dos Advogados, o Parecer e a Réplica acerca do Código Civil, as traduções de poemas de Leopardi e das Lições de coisas de Calkins, e alguns artigos esparsos de jornais. A esta relação, Américo Jacobina Lacombe acrescentou alguns dos discursos que Rui proferiu nos últimos cinco anos de vida, como os do jubileu cívico e a Oração aos moços, as outras produções reunidas em Cartas de Inglaterra, o discurso a Anatole France, e o discurso de adeus a Machado de Assis. A produção jornalística puramente literária, a que Rui se referiu genericamente como “alguns artigos esparsos de jornais”, daria alguns alentados volumes.

Pertencente ao ramo pobre de uma família baiana, Rui Barbosa nasceu em Salvador no dia 5 de novembro de 1849. Foi advogado, jornalista, parlamentar, diplomata, professor, intelectual e gênio máximo da oratória política e social brasileira.

Aos dezesseis anos, matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, onde estudou por dois anos. Transferiu-se para a Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, integrando a famosa geração acadêmica da revolução liberal, que se destacou como centro de idéias revolucionárias. Bacharelou-se em 1890.

O direito e o jornalismo o seduziam. Iniciou, em 1872, no Diário da Bahia e em comícios, campanha em defesa de eleições diretas e da abolição da escravatura. Defendeu, ainda, o regime federativo e a liberdade religiosa. Fundou o jornal A Imprensa. Em 1876, casou-se com Maria Augusta Viana Bandeira.

Com a proclamação da República, em 1889, ocupou a pasta da Fazenda do governo Deodoro, exercendo decisiva influência na consolidação jurídica da República. É de sua autoria o Projeto da Constituição de 1891. Posteriormente, por conta de sua forte oposição ao governo Floriano Peixoto, foi processado e perseguido como rebelde. Os desacertos governistas o levaram a adotar doutrinas novas, impetrando habeas-corpus contra decretos que acarretaram a prisão ilegal de civis e militares, entre as quais a de Alexandre José Barbosa Lima. Acabou exilado em Buenos Aires, Lisboa e Londres, de setembro de 1893 até junho de 1895, quando retornou ao Brasil.

No governo Afonso Pena conseguiu notoriedade mundial ao representar o Brasil na II Conferência de Haia, na Holanda, defendendo o princípio da igualdade das nações, formulando brilhante defesa da soberania dos pequenos Estados.

Como político foi senador e duas vezes candidato à Presidência da República. Não foi vitorioso, mas deixou uma coletânea de discursos, notáveis pela beleza da forma, pela paixão civilista e liberal e pelo estudo de costumes políticos brasileiros. Lutou pela reforma do ensino e pela libertação dos escravos.

Na literatura é apontado por muitos como o maior escritor brasileiro, pela correção, pureza e beleza de sua linguagem. Sócio fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupou a cadeira no 10 e sucedeu a Machado de Assis na presidência da Casa. Suas obras mais conhecidas são Oração aos moços, Abolicionismo, A queda do Império, Oração dos apóstolos, Cartas da Inglaterra, Contra o militarismo e O Papa e o Concílio.

Morreu em 1º de março de 1923, em Petrópolis, Rio de Janeiro, vítima da paralisia bulbar. Deixou uma obra calçada num único ideal: o amor à liberdade e o culto da justiça.


Nascido em 5 de novembro de 1849 (há 149 anos), em Salvador, na antiga Rua dos Capitães (hoje Rua Ruy Barbosa), Ruy Barbosa de Oliveira é um dos intelectuais mais influentes que o Brasil já produziu. Seu legado está reunido nas Obras Completas, em 50 volumes, que ainda hoje influenciam o mundo jurídico brasileiro e extrapolam, inclusive, este universo. Coube a Ruy organizar a estrutura jurídica da República, neutralizando a influência militar com o espírito civil. Ativo, foi ministro da Fazenda e, interinamente, da Justiça, durante o governo provisório do Marechal Manoel Deodoro da Fonseca; foi diretor do Jornal do Brasil, fundador e diretor da Imprensa; esteve à frente da campanha pela anistia para os revolucionários de 1893-94; foi senador da República; participou da 2ª Conferência de Paz, em Haia, na qual defendeu com êxito o princípio da igualdade jurídica das nações; e candidato à Presidência da República, derrotado pelo Marechal Hermes da Fonseca.

Rubem Nogueira

Em obra recente de apreciado escritor, lê-se a seguinte informação: "Que me recorde, ainda não encontrei um só moço com um livro de Ruy Barbosa". Logo a seguir dá, ele mesmo, estes depoimentos significativos: 1) "A verdade é que não se chega de improviso à obra de Ruy Barbosa"; 2) "Se discordamos de Ruy, temos com ele este ponto de encontro - a paixão da liberdade" (V. Josué Montello, Diário da Noite Iluminada, 1995, Ed. Nova Fronteira, 430).

Vamos a isso, por partes, em singela glosa. Sem um mínimo de esforço, é óbvio, nada merecedor de exame ou estudo pode avaliar-se devidamente. Que dizer então do legado intelectual daquele, cuja grandeza está nos princípios e idéias pelos quais combateu continuamente durante cinqüenta anos dos setenta e três de existência? O seu legado vem sendo reduzido a Obras Completas, postumamente programadas para 50 volumes, em cerca de 160 tomos, dos quais 136 já editados. A quem mais, no Brasil, poderia atribuir-se tão produtiva ação espiritual? Não seria melhor para os leitores de livros em geral, notadamente dos moços que nem sempre podem comprá-los ou encontrá-los, a execução da Lei nº 5.579, de 5.V.1970, que manda o MEC "divulgar a vida e obra de Ruy Barbosa, principalmente nos estabelecimentos de ensino do país"?. O escritor aqui citado bem poderia influir para isso com o peso de sua autoridade de ex-reitor da Universidade do Maranhão, de ex-membro do Conselho Federal de Cultura e de integrante da Academia Brasileira de Letras.

O fato de nunca ter visto, em mão de um jovem, livro de Ruy Barbosa, contra este nada prova, salvo melhor juízo. Pode-se jamais encontrar alguém levando consigo uma obra de Capistrano de Abreu ou um exemplar da Constituição de 1988, e nem por isto Capistrano de Abreu deixa de ser um consagrado historiador ou a Constituição de valer como a lei fundamental do país. Ter um livro em mãos, contanto que para o ler, sempre vale a pena. O livro caindo n'alma/É germe que faz a palma,/É chuva que faz o mar - cantou o poeta por antonomásia, de todos os tempos. E quando ao livro se associa a vida inteira do seu autor, voltada para o bem geral, ainda melhor: ao combatente fica assegurado ao menos o respeito da posteridade.

Tanto está isso difuso na consciência dos brasileiros, que a Assembléia Nacional Constituinte de 1946, embora já decorridos vinte e três anos da morte do homenageado, estatuiu no Art. 33 das Disposições Constitucionais Transitórias da Lei Fundamental de 28 de setembro daquele ano: O governo mandará erigir, na Capital da República, um monumento a Ruy Barbosa em consagração dos seus serviços à Pátria, à Liberdade e à Justiça.

De todo irrelevante me parece o fato de não terem executado a vontade da nação soberana, aí tão límpida e livremente expressa. Afinal, já nos habituamos ao descaso dos governos pelas normas da Constituição. O que importa sublinhar é o teor do reconhecimento ali manifestado de que, neste país, houve uma vida consumida no combate por valores essenciais à vida de toda a gente.

Quanto a ter com Ruy Barbosa "este ponto de encontro - a paixão da liberdade", peço licença ao menos para distinguir, entre as duas "paixões da liberdade", a mais valiosa, que foi de irrefutável utilidade social. É o que tentaremos a seguir demonstrar, em atendimento ao cordial pedido de A TARDE, quando comemora o transcurso da data natalícia do egrégio brasileiro.

Aos vinte e sete anos de idade, Ruy Barbosa sustenta a bandeira da liberdade religiosa em três frentes: nas colunas do Diário da Bahia, na tribuna dos comícios e na extensa Introdução de O Papa e o Concílio, livro por ele diretamente traduzido do alemão e com enormes dificuldades editado em 1877. Comprometia assim sua incomum capacidade de trabalho no exame crítico do assunto talvez mais vinculado ao destino das pessoas individualmente consideradas, como é a faculdade de cada qual seguir a religião de sua fé e praticar livremente o culto respectivo.

O Brasil vivia subordinado constitucionalmente a um regime de religião oficial (católica), em que as superiores autoridades eclesiásticas eram nomeadas pelo imperador; as resoluções das cartas apostólicas dependiam da aprovação ou conformidade ("placet") da autoridade governamental para serem cumpridas aqui; o Clero secular integrava a burocracia administrativa, e todos - arcebispos, bispos e padres - recebiam vencimentos mensais (côngruos) do Tesouro, figurando em sua folha de pagamento. Não tínhamos, assim, plena liberdade de cultos. O maior dano causado por esse sistema à própria Igreja Católica foi a grave questão dos bispos, em que a Coroa processou e julgou dois deles, o jovem D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo de Olinda, e D. Antônio de Macedo Costa, bispo do Pará, tendo sido ambos condenados pelo Supremo Tribunal de Justiça a 4 anos de prisão com trabalhos, pena esta parcialmente cumprida no Rio de Janeiro, em virtude da posterior anistia dos dois conspícuos prelados.

Na sua campanha pela liberdade religiosa (e não contra a Igreja Católica), o escritor, político e jornalista Ruy Barbosa sustentava a necessidade, socialmente sentida, da separação entre a Igreja e o Estado, o que o Governo Provisório da República veio de fato a tornar efetiva em 1890, por decreto (lei) de inspiração do ministro Ruy Barbosa. Esse regime de plena liberdade de religião e de cultos até hoje vigora entre nós.

Nas três primeiras décadas da República, sua "paixão pela liberdade" teve inquestionável utilidade social, e ecoou por todo o Brasil, apesar dos modestos meios de comunicação da época (correios, telégrafos e imprensa, nada mais), graças à sua campanha simultaneamente jornalística, parlamentar e, principalmente, judicial, em benefício de numerosas vítimas de governos autoritários e de violações da legalidade constitucional, sobretudo nos períodos de Floriano Peixoto e Hermes da Fonseca.

Requereu então ao Supremo Tribunal Federal, espontaneamente e sem procuração nem honorários, numerosas ordens de habeas-corpus, que imprimiram ao velho instituto inglês uma feição nova, plástica, dinâmica, destinada realmente, como ele queria e consignou no primitivo texto constitucional, a proteger o indivíduo contra todas as lesões de direito decorrentes de ilegalidade ou abuso de poder. Animado ainda pela sua militante, e não teórica ou literária, "paixão da liberdade", denunciou, em sucessivos discursos parlamentares, as atrocidades praticadas durante a revolta dos marinheiros, sob a chefia de João Cândido, contra os castigos corporais infligidos na Marinha de Guerra. Pôs virtualmente no banco dos réus o presidente da República, marechal Hermes da Fonseca, como responsável principal pelo morticínio de indefesos marinheiros que depois de presos e amontoados nos porões do sinistro navio Satélite, em águas territoriais do Norte, foram fuzilados e lançados ao mar. Ruy Barbosa, durante meses seguidos e até mesmo quando já havia findado o quatriênio Hermes, fez os mais ingentes esforços para, através de pedidos de informação ao chefe do Poder Executivo, identificar os verdadeiros responsáveis por esse crime verdadeiramente hediondo.

Isso, sim, é paixão da liberdade, funcionando a todo o vapor, em proveito coletivo, da comunidade. Muito fácil invocá-la. Difícil, e quase sempre muito arriscado, é demonstrá-la, pô-la em prática, por atos concretos, como fez sempre Ruy Barbosa ante as maiorias senatoriais complacentes e submissas ao poder do presidente da República.

Tudo isso pode ser conferido hoje em suas Obras Completas, acessíveis a quem quiser conhecer a verdade de certos fatos. Mas o ser humano não se pode considerar tão-somente pela fidelidade ao ideal ou pela combatividade política. Há que conhecer-lhe também a face romântica ou sentimental, pois ninguém ignora a força do coração e de suas paixões no comando do processo da vida individual. A do nosso insigne conterrâneo, sob tal aspecto, em nada absolutamente se distingue da do mais obscuro homem comum, como se pode verificar através de suas poesias, todas hoje reunidas no Tomo II do vol. 1º, de suas Obras Completas, e da correspondência mantida com Maria Augusta, na breve fase anterior ao seu casamento, a qual se acha toda em Cartas à Noiva, co-edição da Fundação Casa de Ruy Barbosa e Civilização Brasileira (1982).
O jovem Ruy Barbosa teve suas namoradas, como todos nós, dentre elas destacando-se Maria Rosa, no esplendor dos seus dezessete anos e da beleza. Ruy Barbosa deve tê-la amado intensamente, mas o seu pai não simpatizou com a moça ("É uma namoradeira" - comunicou aflito ao primo e juiz em São Paulo). O filho já advogado e político, apesar do amor e da admiração muitas vezes confessada pelo pai, resistiu, e ficaram noivos. Dedicou a Maria Rosa muitos versos - estes, por exemplo: quero esparzir na pureza/Do teu leito virginal/Flores de mais singeleza/Que haja do monte e no val.../Flores à tua beleza./São flores do laranjal/Tão castas, como a pureza/Do leu leito virginal.../Se alguma coisa perpassa,/Que ouças e vejas...sem ver/É minh'alma que esvoaça/Para em tu'alma viver.../É meu amor que te enlaça/Para nunca mais te perder.
A vida de Maria Rosa, contudo, foi mais curta que o seu amor pelo apaixonado noivo. Uma tuberculose matou-a, quando também já não existia o Dr. João José. De repente, passados 4 ou 5 meses, surge-lhe o amor definitivo de toda a vida - Maria Augusta. Uma revolução em sua vida. E um semestre adiante já estavam casados. Pouco antes teve que fazer uma experiência no foro da Corte, em busca de melhores rendimentos profissionais. E aí começa uma unilateral correspondência amorosa de sessenta e quatro cartas, entre os dias 25 de maio e 8 de novembro de 1876.
A primeira, escrita ainda a bordo do navio alemão Habsburg, às sete e meia da manhã de 25 de maio, assim começa: "Maria Augusta, minha muito querida noiva: Passou a primeira noite desta amarga ausência; e o primeiro pensamento meu, ao amanhecer, não pode ser outro senão buscar, conversando contigo daqui, uma consolação a tão dolorosas saudades. Há pouco perdi a terra de vista; mas minha alma não perdeu a vista de ti. Tua imagem, tua alma estão em mim como na presença". E de bordo ainda lhe escreveu mais três delicadas mensagens de amor.
Da Corte mandava-lhe novidades musicais para canto e piano (Maria Augusta tocava e cantava). Quando da remessa do Plaisir des Champs, uma composição de Lambert, acrescentou este lembrete:"... É um trecho lindo; e, não sei por que, lembrou-me vivamente aquele domingo, na Barra, em que passamos horas à sombra das árvores... éramos tão felizes!"
Com todas essas saudades, pôde discursar, por duas horas, sem ler, no auditório do Grande Oriente Unido do Brasil, sobre a Situação da Questão Religiosa no Brasil, e de tal modo o ovacionaram, foi tão inesperada a repercussão de suas idéias, que imediatamente escreveu a Maria Augusta contando tudo, na plenitude da felicidade que sentia.
A antecipação do casamento, temeroso de uma crescente má-vontade do clero baiano contra o seu combativo ultramontanismo, passou a dominar suas preocupações. O futuro sogro devia, sem demora, pedir "a dispensa de proclamas e permissão de casar em oratório particular", recomendava à noiva. Na hipótese de hostilidade a esse desejo, insistia, os três proclamas tinham impreterivelmente de ocorrer até o dia 26 de novembro, quando "entrará o Advento, e careceremos licença arquiepiscopal, que, se os padres já se acharem desde agora mal comigo, será impossível". Referia-se ao casamento religioso, único então reconhecido.
Mas tudo correu bem, a união matrimonial realizou-se a 23 de novembro de 1876, tal como programada, na residência dos pais de Maria Augusta. A esta, daí por diante, sempre homenagearia de público. O grande livro de suas lutas contra a ditadura do marechal Floriano Peixoto a ela foi assim dedicado: "A minha mulher, cuja simpatia corajosa e eficaz por todas as causas do coração, da liberdade e da honra tem-me sido sempre inspiração e alento nas boas ações de minha vida".
Ao empreender a sua derradeira campanha política na Bahia, em 1919, maratona de discursos lidos, entrevistas, viagens desconfortáveis sob intenso calor, homenagens, almoços, jantares, e até um baile, tudo em pouco mais de vinte dias - tarefa extenuante mesmo para pessoa jovem e de muita saúde, Maria Augusta não o acompanhou, permanecendo na capital do estado. A 24 de dezembro de 1919, senhoras de Feira de Santana a ela prestaram uma homenagem especial, a que o marido agradeceu com estas palavras escritas: "Meu pai me deu o caráter; minha mãe me deu o coração, e minha mulher a âncora do meu coração e do meu caráter. O que a ela devo é tanto que toda a minha vida a ela imolada seria apenas uma exígua parte da minha dívida. Hoje, volvendo os olhos ao caminho que tenho percorrido, e aos 43 anos de comunhão com a companheira de minha existência, vejo que ela constitui a parte melhor do meu coração e me tem dado a melhor parte de sua vida".
A 1º de março de 1923, abalado por desgosto político, sofreu a crise fatal, quando veraneava em Petrópolis. Amigos fiéis imediatamente acorreram à cidade das hortênsias. Maria Augusta estava ao pé do leito do amado e, segundo narra João Mangabeira, testemunha presencial da cena, "indaga-lhe se a reconhecia, e ele, com voz débil: por que não? e tomou-lhe entre as suas mãos as mãos daquela de quem com toda a propriedade e justiça dissera ter sido a flor sempre aberta da bondade divina no seu lar".
E assim, de mãos entrelaçadas, os dois se separaram até a outra vida..
Fonte: www.abicasaderuy.frb.br
Estadista e escritor nasceu em Salvador, Bahia, no dia 5.11.1849, morreu em Petrópolis, Rio de Janeiro nodia 01.03.1923. Bacharelado em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito de São Paulo. Voltando a Salvador, estabeleceu banca de advocacia.
Em 1878 foi eleito Deputado na Assembléia Provincial da Bahia, passando a ser Deputado Geral em 1879. Confiando na união do país, como sistema governamental, provou por meio de raciocínio concludente ao Governo Imperial, que esse era o único meio de livrar o trono, no que não foi atendido. Veio então a República e Rui Barbosa foi separado para tomar posse do lugar de vice-chefe do Governo Provisório e a Pasta de Finanças. Escreveu o projeto da Carta Constitucional da República. Sendo dissolvido o Congresso por Deodoro, abandonou o cargo que ocupava, passando para a oposição.
Em 1893, viu-se envolvido na Revolução da Armada, em virtude da qual foi exilado. Esteve na Argentina, Lisboa, Paris e Londres. Regressando ao Brasil, foi eleito Senador pela Bahia, em 1895. Rodrigues Alves, Presidente da República designou-o como representante do Brasil na II Conferência de Paz, em Haia.
Demonstrando excepcional habilidade, cultura e inteligência, obteve impressionantes vitórias, o que lhe valeu o cognome "Águia de Haia". De volta ao Brasil, candidatou-se à Presidência da República em oposição a Hermes da Fonseca, para qual perdeu; foi membro criador da Academia Brasileira de Letras, e por algum tempo seu presidente. Incontestavelmente, Rui Barbosa tornou-se campeão do liberalismo no Brasil. Seus restos mortais foram enterrados em Salvador, na Galeria Subterrânea do Palácio da Justiça (Fórum Rui Barbosa).
Na produção imensa de Rui Barbosa, as obras puramente literárias não ocupam a primazia. Ele próprio questionou se teria sido um escritor por ocasião do seu jubileu cívico, a que alguns quiseram chamar “literário”. Num discurso em resposta a Constâncio Alves, destacou de sua obra as páginas que poderiam ser consideradas literárias:
O elogio do Poeta (Castro Alves), a oração do Centenário do Marquês de Pombal, o ensaio Swift, a crítica do livro de Balfour, incluída nas Cartas de Inglaterra, o discurso do Liceu de Artes e Ofícios sobre o desenho aplicado à arte industrial, o discurso do Colégio Anchieta, o discurso do Instituto dos Advogados, o Parecer e a Réplica acerca do Código Civil, as traduções de poemas de Leopardi e das Lições de coisas de Calkins, e alguns artigos esparsos de jornais.
A esta relação, Américo Jacobina Lacombe acrescentou alguns dos discursos que Rui proferiu nos últimos cinco anos de vida, como os do jubileu cívico e a Oração aos moços, as outras produções reunidas em Cartas de Inglaterra, o discurso a Anatole France, e o discurso de adeus a Machado de Assis. A produção jornalística puramente literária, a que Rui se referiu genericamente como “alguns artigos esparsos de jornais”, daria alguns alentados volumes.
Obras:
  • Alexandre Herculano, discurso (1877)
  • Castro Alves, discurso (1881)
  • Reforma do ensino secundário e superior, pareceres (1882)
  • O Marquês de Pombal, discurso (1882)
  • Reforma do ensino primário, pareceres (1883)
  • Swift, ensaio (1887)
  • Cartas da Inglaterra, ensaios (1896)
  • Parecer e Réplica acerca da redação do Código Civil, filologia (1904)
  • Discursos e conferências (1907)
  • Anatole France, discurso (1909)
  • Páginas literárias, ensaios (1918)
  • Cartas políticas e literárias, epístolas (1919)
  • Oração aos moços, discurso (1920)
  • editado em livro em 1921)
  • Queda do Império, história, 2 vols. (1921)
  • Orações do Apóstolo, discursos (1923)
  • Obras completas, organizadas pela Casa de Rui Barbosa, 125 vols
Fonte: www.cmp.rj.gov.br
Salvador/BA - 05.11.1849
Petrópolis/RJ - 01.03.1923
Começou o curso jurídico em Recife graduando-se pela Faculdade Direito em São Paulo em 1870.
Foi agraciado com o título de Conselho do Imperador D. Pedro II; Sócio vitalício do Imperial Instituto de Londres; Sócio fundador da Academia Brasileira de Letras (a qual presidiu) e outras associações literárias; teve as honras de General-de-Brigada.
Em 1868 iniciou-se no Jornalismo logo depois dedicou-se à política.
Foi eleito Deputado Provincial em 1878 e no período de 1879-1884 exerceu mandato na Câmara dos Deputados do Império. Com o advento da República nomeado Ministro da Fazenda a atividade que desenvolvia não se limitava ao cargo que exercia porque a Ruy Barbosa cabia a iniciativa de todos os projetos de relevo.
A política financeira que adotou caracterizou-se pelo abandono do lastro-ouro; grandes emissões garantidas por apólices do Governo visando fomentar o comércio e a indústria - pluralidade bancária concedendo o poder de emitir. Administrativamente providenciou o aumento de vencimentos sem o da despesa com redução de pessoal simplificação de serviços e exigência de produtividade.
Entre outras medidas que determinou destacaram-se: criação do Tribunal de Contas órgão de magistratura intermediária entre a administração e o Poder Legislativo; cobrança em ouro pelo valor legal de todos os direitos de importação; criação das Delegacias Fiscais nos Estados em substituição às Tesourarias das Províncias; criação do montepio obrigatório dos funcionários do Ministério da Fazenda e reorganização dos serviços do Tesouro Nacional.
Demitindo-se do cargo foi para o Senado onde teve oportunidade de justificar e explicar os seus atos na pasta da Fazenda; foi Senador pelo estado da Bahia em 1895 e Vice-Presidente do Senado (1906-1909). Ministro interino da Justiça (1889).
Sua vasta bibliografia foi documentada pela Fundação Casa de Rui Barbosa com a publicação da série Obras completas.
Na área fazendária destaca-se o seguinte:
Relatório apresentado pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda a 15 de fevereiro de 1891. Rio de Janeiro 1891./Teve produzidos vários extratos em diversos órgãos da imprensa do dia/Finanças e política da República. Rio de Janeiro 1892./Contém três discursos proferidos no Senado em 1891 e 1892 seguidos do manifesto à Nação quando o orador renunciou ao cargo de Senador Federal pela Bahia/Impostos interestaduais: série de 28 artigos publicados de junho de em diante.
Foi redator de vários jornais:
  • Diário da Bahia. Bahia 1871-1878.
  • 0 Paiz. Rio de Janeiro 1884-1897.
  • Jornal do Brasil. Rio de Janeiro 1893.
  • Diário de Notícias. Rio de Janeiro 1889. /Assumiu a sua direção/
  • Imprensa. Rio de Janeiro 1898-1901.
Fonte: www.fazenda.gov.br
Jurista, político e jornalista baiano (5/11/1849-1º/3/1923). Representa o Brasil na Conferência Mundial da Paz da Liga das Nações, atual ONU, realizada em Haia, na Holanda (Países Baixos), onde se destaca pela defesa veemente da igualdade entre as nações. Rui Barbosa de Oliveira nasce em Salvador e forma-se em direito. Trabalha como colaborador no Diário da Bahia até 1879, quando é eleito deputado-geral com uma campanha abolicionista. Participa da reforma constitucional de 1881 e da reforma do ensino entre 1882 e 1883. Com a proclamação da República, torna-se vice-chefe do governo provisório baiano e ministro da Fazenda. Neste último cargo, recorre à inflação para financiar o desenvolvimento econômico. Ajuda a redigir a Constituição de 1891, mas passa à oposição depois que o presidente Deodoro da Fonseca fecha o Congresso. Por suas posições liberais, é exilado no governo Floriano Peixoto. Volta ao Brasil em 1895 e conquista uma cadeira no Senado. Torna-se conhecido como a Águia de Haia pelo talento na oratória e pela participação na Conferência Mundial da Paz, em 1907. Três anos depois lidera a campanha civilista na disputa pela Presidência da República com o marechal Hermes da Fonseca, para o qual perde a eleição. Sofre nova derrota na campanha presidencial de 1919, vencida por Epitácio Pessoa. É membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Morre em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Fonte: http://www.algosobre.com.br/, Rui Barbosa de Oliveira bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1870. No início da carreira, na Bahia, engajou-se numa campanha em defesa das eleições diretas e da abolição da escravatura. Depois, seria político relevante na República Velha, ganhando projeção internacional durante a Conferência de Paz de Haia (1907), em que defendeu a teoria brasileira de igualdade entre as nações.

Eleito deputado na Assembléia Provincial da Bahia em 1878, passou no ano seguinte a deputado geral (ou seja, representante da província no Legislativo nacional, no Rio de Janeiro). Atuou na elaboração da reforma eleitoral, na reforma do ensino e na emancipação dos escravos. Com a República, tornou-se vice-chefe do governo provisório e assumiu a pasta das Finanças. Também escreveu o projeto da Carta Constitucional da República. Sendo dissolvido o Congresso por Deodoro da Fonseca, Rui abandonou o cargo que ocupava e passou à oposição. Em 1893, envolveu-se na Revolução da Armada e acabou exilado. Após ter passado pela Argentina, Lisboa, Paris e Londres, voltou para o Brasil e foi eleito senador pela Bahia em 1895. Rodrigues Alves, presidente da república, designou-o representante do Brasil na 2a Conferência de Paz de Haia. No Brasil, dada sua brilhante inteligência e eloqüência, ganhou por isso o título "Águia de Haia".

A verdade, porém, é que a impressão causada por lá não foi tão positiva assim (o representante alemão, por exemplo, não foi o único a considerar Rui "o mais aborrecido dos participantes"). No final da vida, ainda seria eleito juiz do Tribunal Internacional de Haia. Em 1916, indicado pelo então presidente Venceslau Brás, representou o Brasil no centenário da independência argentina, discursando na Faculdade de Direito de Buenos Aires sobre o conceito jurídico de neutralidade. Em plena Primeira Guerra Mundial, o discurso causaria a ruptura das relações do Brasil com a Alemanha. Três anos depois, Rui recusaria o convite para chefiar a delegação brasileira na Conferência de Versalhes (1919), que estipulou os termos da paz entre vitoriosos e derrotados na Primeira Guerra. Com seu enorme prestígio, Rui Barbosa candidatou-se duas vezes à Presidência da República (nas eleições de 1910, contra Hermes da Fonseca, e nas de 1919, contra Epitácio Pessoa em 1919), mas foi derrotado em ambas. Como jornalista, escreveu para diversos órgãos, em especial "A Imprensa", o "Jornal do Brasil" e o "Diário de Notícias", tendo presidido esse último. Sócio-fundador da Academia Brasileira de Letras, sucedeu a Machado de Assis na presidência da casa. Rui Barbosa morreu aos 73 anos. Sua extensa bibliografia, em mais de cem volumes, reúne artigos, discursos, conferências e anotações políticas escritas durante toda uma vida. Sua vasta biblioteca, com mais de 50 mil títulos, pertence à Fundação Casa de Rui Barbosa, em sua antiga residência no Rio.  Fonte: educacao.uol.com.br - Rui Barbosa foi, sem dúvida, um dos mais importantes personagens da História do Brasil. Rui era dotado não apenas de inteligência privilegiada, mas também de grande capacidade de trabalho. Essas duas características permitiram-lhe deixar marcas profundas em várias áreas de atividade profissional: no campo do direito - seja como advogado, seja como jurista -, do jornalismo, da diplomacia e da política. Foi deputado, senador, ministro e candidato à Presidência de República em duas ocasiões, tendo realizado campanhas memoráveis. Seu comportamento sempre revelou sólidos princípios éticos e grande independência política. Participou de todas as grandes questões de sua época, entre as quais a Campanha Abolicionista, a defesa da Federação, a própria fundação da República, e a Campanha Civilista.

Mesmo admirando a cultura francesa, como todos os intelectuais de sua época, Rui conhecia também a fundo o pensamento político constitucional anglo-americano, que, por seu intermédio, tanto influenciou a nossa primeira Constituição republicana. Era um liberal, e foi sempre um defensor incansável de todas as liberdades.

Orador imbatível e estudioso da língua portuguesa, foi presidente da Academia Brasileira de Letras em substituição ao grande Machado de Assis. Sua produção intelectual é vastíssima. Basta dizer que a Fundação já publicou mais de 137 tomos de suas obras completas, e ainda temos material para novas edições. Rui representou o Brasil com brilhantismo na Segunda Conferência Internacional da Paz, em Haia e, já no final de sua vida, foi eleito Juiz da Corte Internacional de Haia, um cargo de enorme prestígio. Em suma, Rui foi um cidadão exemplar, e ainda hoje sua memória é fonte de inspiração para um grande número de brasileiros. Fonte: http://www.sampa.art.br/ - Rui Barbosa foi, sem dúvida, um dos mais importantes personagens da História do Brasil. Rui era dotado não apenas de inteligência privilegiada, mas também de grande capacidade de trabalho. Essas duas características permi­tiram-lhe deixar marcas profundas em várias áreas de atividade profissional nos campos do direito - seja como advogado, seja como jurista - do jornalismo, da diplomacia e da política. Foi deputado, senador, ministro e candidato á Presidência da República em duas ocasiões, tendo realizado campanhas memoráveis. Seu comporta­mento sempre revelou sólidos princípios éticos e grande independência polí­tica. Participou de todas as grandes questões de sua época, entre as quais a Campanha Abolicionista, a defesa da Federação, a própria fundação da Re­pública e a Campanha Civilista. Mesmo admirando a cultura francesa, como todos os intelectuais de sua época, Rui conhecia também a fundo o pensamento político constitucional anglo-americano, que, por seu intermédio, tanto influenciou a nossa primeira Constituição republicana. Era um liberal, e foi sempre um defensor incansável de todas as liberdades.

Orador imbatível e estudioso da língua portuguesa, foi nomeado presiden­te da Academia Brasileira de Letras em substituição ao grande Machado de Assis. Sua produção intelectual é vastissirna. Basta dizer que a Fundação já publicou mais de 140 tornos de suas obras completas e ainda tern material para novas edições. Rui representou o Brasil corn brilhantismo na Segunda Conferência Inter­nacional da Paz, em Haia e, já no final de sua vida, foi nomeado Juiz da Corte Internacional de Haia, urn cargo de enorme prestígio. Em suma, Rui foi um cidadão exemplar e, ainda hoje, sua memória éfonte de inspiração para um grande número de brasileiros. Fonte: www.vivabrazil.com
Nome literário: BARBOSA, RUI Nome completo: OLIVEIRA, RUI BARBOSA DE, Nascimento: 5 de novembro de 1849, Salvador, Bahia Falecimento: 1923, em Petrópolis, Rio de Janeiro Rui Barbosa de Oliveira, político e jurisconsulto, nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de novembro de 1849. Bacharelou-se em 1870 pela Faculdade de Direito de São Paulo. No início da carreira na Bahia, enganjou-se numa campanha em defesa das eleições diretas e da abolição da escravatura. Foi político relevante na República Velha, ganhando projeção internacional durante a Conferência da Paz em Haia (1907), defendendo com brilho a teoria brasileira de igualdade entre as nações. Eleito deputado provincial, e adiante geral, atuou na elaboração da reforma eleitoral, na reforma do ensino, emancipação dos escravos, no apoio ao federalismo e na nova Constituição.

Por divergências políticas, seu programa de reformas eleitorais que elaborou, mal pode ser iniciado, em 1891. Em 1916, designado pelo então presidente Venceslau Brás, representou o Brasil centenário de independência da Argentina, discursando na Faculdade de Direito de Buenos Aires sobre o conceito jurídico de neutralidade. O discurso causaria a ruptura definitiva da relações do Brasil com a Alemanha. Apesar disso, recusaria, três anos depois, o convite para chefiar a delegação brasileira à Conferência de Paz em Versalhes. Com seu enorme prestígio, Rui Barbosa candidatou-se duas vezes ao cargo de Presidente da República - nas eleições de 1910, contra Hermes da Fonseca e 1919, contra Epitácio Pessoa - entretanto, foi derrotado em ambas, sendo o período durante a primeira candidatura o marco inicial e sua Campanha Civilista.

Como jornalista, escreveu para diversos jornais, principalmente para A Imprensa, Jornal do Brasil e o Diário de Notícias, jornal o qual presidia. Sua extensa bibliografia recolhida em mais de 100 volumes, reúne artigos, discursos, conferências EE. questões políticas de toda uma vida. Sócio fundador da Academia Brasileira de Letras, sucedeu a Machado de Assis na presidência da casa. Sua vasta biblioteca, com mais de 50.000 títulos pertence à Fundação Casa de Rui Barbosa, localizada em sua própria antiga residência no Rio de Janeiro. Rui Barbosa faleceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1923.

Fundação Casa de Rui Barbosa

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)


Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade. (Rui Barbosa – Coletânea Literária, 211). Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela tolerância. Eu não substituo a fé pela superstição, a realidade pelo ídolo. (Rui Barbosa – O Partido Republicanos Conservador, 61).

A esperança é o mais tenaz dos sentimentos humanos:

O náufrago, o condenado, o moribundo aferram-se-lhe convulsivamente aos últimos rebentos ressequidos. (Rui Barbosa – A Ditadura de 1893, IV-207).
"Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado ! " (Rui Barbosa)

O homem, reconciliando-se com a fé, que se lhe esmorecia, sente-se ajoelhado ao céu no fundo misterioso de si mesmo. (Rui Barbosa – A Grande Guerra, 12).
O escritor curto em idéias e fatos será, naturalmente, um autor de idéias curtas, assim como de um sujeito de escasso miolo na cachola, de uma cabeça de coco velado, não se poderá esperar senão breves análises e chochas tolices. (Rui Barbosa – A Imprensa e o Dever da Verdade, 9).
Em cada processo, com o escritor, comparece a juízo a própria liberdade. (Rui Barbosa – A Imprensa, III, 111).
Se os fracos não tem a força das armas, que se armem com a força do seu direito, com a afirmação do seu direito, entregando-se por ele a todos os sacrifícios necessários para que o mundo não lhes desconheça o caráter de entidades dignas de existência na comunhão internacional. (Rui Barbosa – A Revogação da Neutralidade Brasileira, 33).
A existência do elemento servil é a maior das abominações. (Rui Barbosa – Coletânea Literária, 28).
Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro. (Rui Barbosa – Colunas de Fogo, 79).
Na paz ou na guerra, portanto, nada coloca o exército acima da nação, nada lhe confere o privilégio de governar. (Rui Barbosa – Contra o militarismo, 1.° série, 131).
O espírito da fidelidade e da honra vela constantemente, como a estrela da manhã da tarde, sobre essas regiões onde a força e o desinteresse, o patriotismo e a bravura, a tradição e a confiança assentaram o seu reservatório sagrado. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 226).
Um povo cuja fé se petrificou, é um povo cuja liberdade se perdeu. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 263).
A soberania da força não pode ter limites senão na força. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 377).
O exército não é um órgão da soberania, nem um poder. É o grande instrumento da lei e do governo na defesa nacional. (Rui Barbosa – Ditadura e República, 138).
Nenhum povo que se governe, toleraria a substituição da soberania nacional pela soberania da espada. (Rui Barbosa – Ditadura e República, 143).
Embora acabe eu, a minha fé não acabará; porque é a fé na verdade, que se libra acima dos interesses caducos, a fé invencível. (Rui Barbosa – Elogios e Orações, 161).
Os que ousam ser leais à sua fé, são cobertos até de ridículo. (Rui Barbosa – Novos Disc. E Conf., 194).
A espada não é a ordem, mas a opressão; não é a tranqüilidade, mas o terror, não é a disciplina, mas a anarquia não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia mas a bancarrota. (Rui Barbosa – Novos Discursos e Conferências, 317).
Outrora se amilhavam asnos, porcos e galinhas. Hoje em dia há galinheiros, pocilgas e estrebarias oficiais, onde se amilham escritores. (Rui Barbosa e dever da Verdade, 23).
A mesma natureza humana, propensa sempre a cativar os subservientes, nos ensina a defender-nos contra os ambiciosos. (Rui Barbosa - D. e conferências, 382)

A acusação é sempre um infortúnio enquanto não verificada pela prova. (Rui Barbosa - Novos discursos e confissões, 112)

Criaturas que nasceram para ser devoradas, não aprendem a deixar-se devorar.
(Rui Barbosa - Elogios e orações, 262)

Não há outro meio de atalhar o arbítrio, senão dar contornos definidos e inequívocos à condição que o limita.
(Rui Barbosa - Coletânea jurídica, 35)

Sem o senso moral, a audácia é a alavanca das grandes aventuras.
(Rui Barbosa - Colunas de Fogo, 65)

Quanto maior o bem , maior o mal que da sua inversão procede.
(Rui Barbosa - A Imprensa e o Dever Da Verdade)

É preciso ser forte e conseqüente no bem, para não o ver degenerar em males inesperados.
(Rui Barbosa - Ditadura e República, 45)

Só o bem neste mundo é durável, e o bem, politicamente, é todo justiça e liberdade, formas soberanas da autoridade e do direito, da inteligência e do progresso.
(Rui Barbosa - O Partido Republicano Conservador, 46)

A eleição indireta tem por base o pressuposto de que o povo é incapaz de escolher acertadamente os deputados.
(Rui Barbosa - Discursos e Conferências)

No culto dos grandes homens não pode entrar a adulação.
(Rui Barbosa - E. Eleitoral aos E. de Bahia e Minas, 120)

O ensino, como a justiça, como a administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade, com que se pratica, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe consagrem. (Rui Barbosa - Plataforma de 1910, 37)

Ruy Barbosa de Oliveira Salvador, 5 de novembro de 1849 — Petrópolis, 1º de março de 1923) foi um jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador brasileiro.

Busto de Rui Barbosa
Nasceu em 1849, na rua dos Capitães, hoje rua Ruy Barbosa, freguesia da Sé, na cidade do Salvador, na então Província da Bahia. Aos cinco anos, fez seu professor Antônio Gentil Ibirapitanga exclamar: "Este menino de cinco anos de idade, é o maior talento que eu já vi. (...) Em quinze dias aprendeu análise gramatical, a distinguir orações e a conjugar todos os verbos regulares."
Em 1861, aos onze anos, quando estudava no Ginásio Baiano de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, fez o mestre declarar a seu pai, João Barbosa: "Seu filho nada mais tem a aprender comigo." Ali, como disse mais tarde, viveu a maior emoção de toda a sua vida, quando recebeu uma medalha de ouro do Arcebispo da Bahia.
Em 1864, concluído o curso ginasial, mas sem idade para entrar na Universidade, passou o ano estudando alemão. No ano seguinte ingressou na Faculdade de Direito de Olinda.
Em 1867, adoeceu de "incômodo cerebral". Em 1868 abrigou em sua casa por alguns dias, Castro Alves, seu antigo colega no Ginásio Bahiano, em razão do rompimento dele com Eugênia Câmara. Proferiu o famoso discurso saudando José Bonifácio, o moço.
Em 1870, graduou-se como bacharel pela Faculdade de Direito de São Paulo e retornou à Bahia, acometido, novamente, de incômodo cerebral. Em 1871 começou a advogar e estreou no júri, tendo registrado: "Minha estréia na tribuna forense foi, aqui, na Bahia, a desafronta na honra de uma inocente filha do povo contra a lascívia opulenta de um mandão."
Em 1872 iniciou-se no jornalismo, no Diário da Bahia, e viveu a sua primeira crise amorosa. Brasília era o nome da senhorinha e morava no bairro de Itapagipe. Em 1873 assumiu a direção do Diário da Bahia e fez conferência no Teatro São João sobre "eleição direta". O pai confessa, numa carta, que "poucos o igualam", que ele "foi aplaudido de um modo que me comoveu", e ainda "dizem-me que é superior a José Bonifácio e sustentam que certamente hoje não se fala melhor do que ele."
Em 1876 casou-se com a baiana Maria Augusta Viana Bandeira. Em 1877 foi eleito deputado à Assembléia da Bahia. No ano seguinte foi eleito deputado à Assembléia da Corte. Em 1881 promoveu a Reforma Geral do Ensino.
Em 1885, no auge da campanha abolicionista, José do Patrocínio escreveu: "Deus acendeu um vulcão na cabeça de Ruy Barbosa." Duas semanas antes da abolição, em 30 de abril de 1888, Barbosa vaticinou: "A grande transformação aproxima-se de seu termo." A 7 de março de 1889 Joaquim Nabuco afirma: "Evaristo, na imprensa, fez a Regência e Ruy fará a República".
Em 9 de junho de 1889 recusou o convite para integrar o Gabinete Ouro Preto. "Não posso ser membro de um Ministério que não tome por primeira reforma a Federação." Em novembro daquele mesmo ano Benjamin Constant escreveu a Ruy: "Seu artigo de hoje, Plano contra a Pátria, fez a República e me convenceu da necessidade imediata da revolução." Dias depois, em 15 de novembro de 1889, Barbosa redigiu o primeiro decreto do governo provisório e foi nomeado Ministro da Fazenda.
Em 1890 D. Pedro II diz: "Nas trevas que caíram sobre o Brasil, a única luz que alumia, no fundo da nave, é o talento de Ruy Barbosa." Ainda neste ano, lança os decretos de reforma bancária, no qual foi criticado por Ramiro Barcelos, que, anos depois, se penitenciou: "A desgraça da República foi nós, os históricos, não termos compreendido logo a grandeza de Ruy". Elabora-se o projeto de Constituição em sua casa.
Em 1891 é nomeado Primeiro Vice-Chefe do Governo Provisório. Em 1892 abandona a bancada do Senado, depois de feita a justificativa em discurso. Dias mais tarde lança um manifesto à nação no qual diz a famosa frase: "Com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação. Eu ouso dizer que este é o programa da República". Em 23 de abril do mesmo ano sobe as escadarias do Supremo Tribunal Federal, sob ameaça de morte, para defender, como patrono voluntário, o habeas corpus dos desterrados de Cucui.
Em 7 de fevereiro de 1893 volta à Bahia para um encontro consagratório com Manuel Vitorino, ocasião em que fala de sua terra: "Ninho onde cantou Castro Alves, verde ninho murmuroso de eterna poesia". Em setembro do mesmo ano, a Revolta. Refugia-se na Legação do Chile. Sob ameaça de morte, exila-se em Buenos Aires.
Ainda em exílio, no ano seguinte Ruy viaja a Londres, de onde escreve as "Cartas da Inglaterra" para o Jornal do Comércio a partir de 7 de janeiro de 1895. No ano seguinte produz textos a serviço dos insurrectos de 1893. Escreve na imprensa: "E jornalista é que nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, a imprensa for livre (...)"
Em 1897 recusa convite para ser Ministro Plenipotenciário do Brasil na questão da Guiana, feito por Manuel Vitorino, então vice-presidente do governo de Prudente de Morais. Critica a intervenção militar em Canudos. Torna-se membro fundador da Academia Brasileira de Letras, e recebe de Joaquim Nabuco a seguinte citação, no livro "Minha Formação": "Ruy Barbosa, hoje a mais poderosa máquina cerebral do nosso país"
Em 3 de abril de 1902 publica parecer-crítico ao Projeto do Código Civil. Ao final do ano, em 31 de dezembro, lança réplica às observações feitas por Ernesto Carneiro Ribeiro (filólogo, seu antigo mestre na Bahia). A tréplica de Carneiro só veio a público em 1923. Foi a maior polêmica filológica da Língua Portuguesa.
Três anos depois se projeta à sua primeira candidatura à presidência, promovida pelo governo baiano contra Hermes da Fonseca – iniciando as primeiras campanhas eleitorais à presidência da história brasileira. Recusa em favor de Afonso Pena. Em junho de 1907, Ruy vai à Conferência de Haia, sendo sua consagração mundial. Sobre isso escreveu W. Stead: "As duas maiores forças pessoais da Conferência foram o Barão de Marschall da Alemanha, e o Dr. Barbosa, do Brasil... Todavia ao acabar da conferência, Dr. Barbosa pesava mais do que o Barão de Marschall".
Em 21 de outubro de 1908 discursa em francês na ABL, em recepção a Anatole France. A partir do ano seguinte, e até 1910, inicia a Campanha Civilista. Já em 1911 retorna ao Diário de Notícias.
Em junho de 1913 inicia sua segunda candidatura à Presidência pela Convenção Nacional, no Teatro Politeama do Rio de Janeiro: "A maior solenidade popular registrada, até hoje, na história brasileira". Na iminência de perder para Epitácio Pessoa, lança em dezembro o "Manifesto à Nação", renunciando à candidatura.
Três anos depois, aos 9 de julho, participa do Centenário de Tucuman. Dias depois, da Conferência na Faculdade de Direito e Ciências Sociais de Buenos Aires, em 14 de Julho, sobre o "Dever dos Neutros" diante da Grande Guerra. Victorino de La Plaza, presidente da Argentina, após o banquete que lhe ofereceu Ruy, falou: "Já disse aos meus ministros que, aqui, o Sr. Ruy Barbosa, com credenciais ou sem elas, será considerado sempre o mais legítimo representante do Brasil." Em 1917, durante a Conferência sobre a Guerra, profere: "Ou o gênero humano há de exterminá-la ou ela exterminará o gênero humano".
Em 1917 colabora no projeto da Tradução Brasileira.
Ocorre em 1918 o Jubileu Cívico. Paul Claudel, ministro da França, entrega-lhe as insígnias de Grande Oficial da Legião de Honra. Recusa convite de Rodrigues Alves para ser Chefe da Delegação Brasileira ao Congresso da Paz, em Paris.
Em 1919 concorre pela última vez à Presidência, e, como anteriormente, contra a sua vontade. Promove conferências pelo sertão da Bahia. No ano seguinte, dada a intervenção de Epitácio Pessoa na Bahia, reitera a recusa de representar o Brasil na Liga das Nações feita um ano antes.
Em 1921 renuncia à cadeira de Senador de "coração enjoado da política". Jubileu político ao lado dos moços doutorandos de São Paulo. A Bahia, que ele chamou de "mãe idolatrada", reelege-o senador novamente, e ele diz: "É um ato de obediência, em que abdico da minha liberdade, para me submeter às exigências do meu Estado natal". Recusa o cargo de Juiz Permanente na Corte de Haia (ocupado posteriormente por Epitácio Pessoa). Ainda no mesmo ano, recusa projeto do senador Felix Pacheco para que fosse concedido a Ruy um prêmio nacional em dinheiro, dizendo: "A consciência me atesta não estar eu na altura de galardão tão excepcional".
Em julho de 1922 sucumbe a um grave edema pulmonar, com iminência de morte. Meses depois, em fevereiro de 1923, sofre paralisia bulbar. Ruy diz a seu médico: "Doutor, não há mais nada a fazer". Ao 1 de março de 1923 falece em Petrópolis, à tarde, tendo como últimas palavras: "Deus tende compaixão de meus padecimentos".
Genealogia
Ruy Barbosa de Oliveira era filho do médico João José Barbosa de Oliveira (1818-1874) e de d. Maria Adélia Barbosa de Almeida (falecida em 1867). Maria Adélia era prima sobrinha de João José e, graças a isso, Ruy Barbosa era primo neto de seu próprio pai.
João José Barbosa de Oliveira era filho de Rodrigo António Barbosa de Oliveira, nascido em Salvador em 1768, e de Maria Soares Simas. Era neto paterno do sargento-mor de ordenanças António Barbosa de Oliveira, natural do Porto (Portugal) e de Ana Maria de Sousa e Castro.
Maria Adélia Barbosa de Almeida era filha do major Caetano Vicente de Almeida (falecido em 1857) e de Luisa Clara Joaquina Barbosa de Oliveira (falecida em 1867). Luisa era filha do capitão António Barbosa de Oliveira e de Ignacia Feliciana Joaquina Soares Serpa e era neta paterna do sargento-mor de ordenanças António Barbosa de Oliveira, natural do Porto (Portugal) e de Ana Maria de Sousa e Castro. Quanto à ascendência paterna de Maria Adélia, ver as informações sobre o clã Almeida no Portal Histórico de Alcobaça-Bahia.
Foram tios de Ruy Barbosa (irmãos de Maria Adélia Barbosa de Almeida) o bacharel Caetano Vicente de Almeida Jr. (1811-1890), que se tornou o Barão de Mucuri em 23 de janeiro de 1887, e o também bacharel Luís Antônio Barbosa de Almeida (1812-1892), que na qualidade de vereador da Câmara Municipal de Salvador atuou na revolta da Sabinada (1837).
Os descendentes de Ruy Barbosa com d. Maria Augusta Viana Bandeira levam o sobrenome "Ruy Barbosa". Em suas primeiras gerações, esta foi uma família de diplomatas, o que ajudou a fortalecer o mito de que a carreira diplomática é transmitida de pai para filho.
Entre os descendentes de Ruy Barbosa está a atriz mirim da Rede Globo Marina Ruy Barbosa, sua tetraneta. Marina nasceu no Rio de Janeiro em 1995 e é filha do fotógrafo Paulo Ruy Barbosa e da artista plástica Gioconda Sousa. É neta paterna de Paulo Marcos Saraiva e de Marina Ruy Barbosa, que por sua vez é filha do diplomata Armando Braga Ruy Barbosa e de Yolette Miranda. Armando era filho de Alfredo Ruy Barbosa (1879-1939), oficial da Marinha, bacharel em Direito e deputado federal pela Bahia, e de Marina Braga. Alfredo foi o segundo filho de Ruy Barbosa.
Principais obras
Visita à terra natal
Figuras brasileiras
Contra o militarismo
Correspondencia de Rui
Mocidade e estilo
Castro Alves: Elogio do poeta pelos escravos, 1881
O papa e o concilio, 1877
O anno político de 1887
Relatório do Ministro da Fazenda, 1891
Finanças e políticas da Republica: discursos e escritos,1893
Os atos inconstitucionais do Congresso e do Executivo ante a Justiça Federal, 1893
Cartas de Inglaterra, 1896
Anistia inversa - casa de Teratologia Jurídica, 1896
Posse dos direitos pessoais, 1900
O código civil brasileiro, 1904
Discurso,1904
O Acre septentrional, 1906
Actes et discours.La Haye: W.P. van Stockum et Fils, 1907
O Brasil e as nações Latino Americanas naHaia, 1908
O direito do Amazonas ao Acre Septentrional, 1910
Excursão eleitoral aos Estados da Bahia e Minas Gerais: Manifestos à Nação,1910
Plataforma, 1910
Rui Barbosa na Bahia, 1910
O Sr. Rui Barbosa, no Senado, responde às insinuações do Sr.Pinheiro Machado, 1915
Problemas de direito internacional.Londres: Jas.Trucott&Son, 1916
Conferência.Londres:Eyre and Spottiswoode Ltda, 1917
Oswaldo Cruz, 1917
Homenagem
"O maior coco da Bahia"
Logo após sua morte, o jurista baiano João Mangabeira, seu discípulo, fez o discurso em sua homenagem e memória. Aos 5 de novembro de 1924, Otávio Mangabeira, lembrando a data de seu nascimento, fez o seguinte discurso:
"Na data de hoje, sr. Presidente, na capital da Bahia,(...) nasceu Ruy Barbosa. (...)Recordando a figura do grande evangelista que com a pena e com a tribuna, irradiando e bramindo, nas vanguardas, a peito aberto, no alto jornalismo de combate, nos comícios populares, nas casas do Parlamento, nos pretórios; nas assembléias internacionais, em toda a parte primus inter pares a eloqüência, de mãos dadas com a bravura, robustecida pela abnegação e animada pela fé, não precisou de outras armas, para servir, por mais de meio século construindo, deslumbrando, (...) dominando as opiniões que dirigia, às Letras, ao Direito, à Liberdade.
Enriqueceu a língua portuguesa, pela palavra falada e pela escrita, com as mais belas obras de arte. Em Haia e em Buenos Aires, para um auditório que era a humanidade, falou, por idiomas estrangeiros, em alocuções imortais que comoveram o Universo, a linguagem das mais lídimas aspirações humanas. Nunca fraqueou ante a injustiça, ante a ingratidão, ante os revezes. Nunca se acobardou ante o perigo. (aplausos)
(...) Construtor, por excelência, da República, foi principalmente na República, franzino e débil no corpo, quão rijo, e forte, e valoroso no espírito, a ponta de platina, impávido a receber e a desviar(...) a eletricidade das tormentas." "(...) Feliz do povo que estremecer a justiça! Feliz do povo que viver no trabalho! Sobretudo, sr. Presidente, feliz do povo que não perder o ideal. (...) Volvamos o nosso espírito para a tranqüilidade onde repousa o magno sacerdote da nossa democracia, o grande semeador a quem devemos os frutos mais excelentes do nosso liberalismo constitucional. Para que seu fulgor nos ilumine! Para que o seu exemplo nos ampare! (...) Para que desçam, portanto, sobre o coração e a consciência dos que se digladiam no Brasil, ao sol das lutas políticas, a misericórdia, a clemência, as inspirações do Senhor! Para que estremeçamos a Justiça, para que vivamos no Trabalho, para que não percamos o Ideal!"

Última frase

Ruy fez seu testamento político na fórmula de um epitáfio, que ele mesmo escreveu para sua pedra funerária:

"Estremeceu a Justiça; viveu no Trabalho; e não perdeu o Ideal."

Representações na cultura

Rui Barbosa já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Edmundo Lopes no filme "Vendaval Maravilhoso" (1949), Renato Borghi na minissérie "Mad Maria" (2005) e Camilo Beviláqua no filme "Brasília 18%" (2006). Também teve sua efígie impressa nas notas de Cz$ 10,00 (dez cruzados) de 1986. Fonte: pt.wikipedia.org

Estadista e escritor, nasceu em Salvador, Bahia, no dia 5.11.1849, morreu em Petrópolis, Rio de Janeiro nodia 01.03.1923. Bacharelado em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito de São Paulo.

Voltando a Salvador, estabeleceu banca de advocacia. Em 1878 foi eleito Deputado na Assembléia Provincial da Bahia, passando a ser Deputado Geral em 1879. Confiando na união do país, como sistema governamental, provou por meio de raciocínio conlcudente ao Governo Imperial, que esse era o único meio de livrar o trono, no que não foi atendido. Veio então a República e Rui Barbosa foi separado para tomar posse do lugar de vice-chefe do Governo Provisório e a Pasta de Finanças. Escreveu o projeto da Carta Constitucional da República. Sendo dissolvido o Congresso por Deodoro, abandonou o cargo que ocupava, passando para a oposição. Em 1893, viu-se envolvido na Revolução da Armada, em virtude da qual foi exilado. Esteve na Argentina, Lisboa, Paris e Londres. Regressando ao Brasil, foi eleito Senador pela Bahia, em 1895. Rodrigues Alves, Presidente da República designou-o como representante do Brasil na II Conferência de Paz, em Haia. Demonstrando excepcional habilidade, cultura e inteligência, obteve impressionantes vitórias, o que lhe valeu o cognome "Águia de Haia". De volta ao Brasil, candidatou-se à Presidência da República em oposição a Hermes da Fonseca, para qual perdeu; foi membro criador da Academia Brasileira de Letras, e por algum tempo seu presidente. Incontestavelmente, Rui Barbosa tornou-se campeão do liberalismo no Brasil. Seus restos mortais foram enterrados em Salvador, na Galeria Subterrânea do Palácio da Justiça (Fórum Rui Barbosa). Na produção imensa de Rui Barbosa, as obras puramente literárias não ocupam a primazia. Ele próprio questionou se teria sido um escritor por ocasião do seu jubileu cívico, a que alguns quiseram chamar “literário”. Num discurso em resposta a Constâncio Alves, destacou de sua obra as páginas que poderiam ser consideradas literárias: O elogio do Poeta (Castro Alves), a oração do Centenário do Marquês de Pombal, o ensaio Swift, a crítica do livro de Balfour, incluída nas Cartas de Inglaterra, o discurso do Liceu de Artes e Ofícios sobre o desenho aplicado à arte industrial, o discurso do Colégio Anchieta, o discurso do Instituto dos Advogados, o Parecer e a Réplica acerca do Código Civil, as traduções de poemas de Leopardi e das Lições de coisas de Calkins, e alguns artigos esparsos de jornais. A esta relação, Américo Jacobina Lacombe acrescentou alguns dos discursos que Rui proferiu nos últimos cinco anos de vida, como os do jubileu cívico e a Oração aos moços, as outras produções reunidas em Cartas de Inglaterra, o discurso a Anatole France, e o discurso de adeus a Machado de Assis. A produção jornalística puramente literária, a que Rui se referiu genericamente como “alguns artigos esparsos de jornais”, daria alguns alentados volumes. Obras: Alexandre Herculano, discurso (1877); Castro Alves, discurso (1881); Reforma do ensino secundário e superior, pareceres (1882); O Marquês de Pombal, discurso (1882); Reforma do ensino primário, pareceres (1883); Swift, ensaio (1887); Cartas da Inglaterra, ensaios (1896); Parecer e Réplica acerca da redação do Código Civil, filologia (1904); Discursos e conferências (1907); Anatole France, discurso (1909); Páginas literárias, ensaios (1918); Cartas políticas e literárias, epístolas (1919); Oração aos moços, discurso (1920); editado em livro em 1921); Queda do Império, história, 2 vols. (1921); Orações do Apóstolo, discursos (1923); Obras completas, organizadas pela Casa de Rui Barbosa, 125 vols.

Rui Barbosa de Oliveira bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1870. No início da carreira, na Bahia, engajou-se numa campanha em defesa das eleições diretas e da abolição da escravatura. Depois, seria político relevante na República Velha, ganhando projeção internacional durante a Conferência de Paz de Haia (1907), em que defendeu a teoria brasileira de igualdade entre as nações.
Eleito deputado na Assembléia Provincial da Bahia em 1878, passou no ano seguinte a deputado geral (ou seja, representante da província no Legislativo nacional, no Rio de Janeiro). Atuou na elaboração da reforma eleitoral, na reforma do ensino e na emancipação dos escravos.
Com a República, tornou-se vice-chefe do governo provisório e assumiu a pasta das Finanças. Também escreveu o projeto da Carta Constitucional da República. Sendo dissolvido o Congresso por Deodoro da Fonseca, Rui abandonou o cargo que ocupava e passou à oposição.
Em 1893, envolveu-se na Revolução da Armada e acabou exilado. Após ter passado pela Argentina, Lisboa, Paris e Londres, voltou para o Brasil e foi eleito senador pela Bahia em 1895.
Rodrigues Alves, presidente da república, designou-o representante do Brasil na 2ª Conferência de Paz de Haia. No Brasil, dada sua brilhante inteligência e eloqüência, ganhou por isso o título "Águia de Haia".]
A verdade, porém, é que a impressão causada por lá não foi tão positiva assim (o representante alemão, por exemplo, não foi o único a considerar Rui "o mais aborrecido dos participantes"). No final da vida, ainda seria eleito juiz do Tribunal Internacional de Haia.
Em 1916, indicado pelo então presidente Venceslau Brás, representou o Brasil no centenário da independência argentina, discursando na Faculdade de Direito de Buenos Aires sobre o conceito jurídico de neutralidade. Em plena Primeira Guerra Mundial, o discurso causaria a ruptura das relações do Brasil com a Alemanha.
Três anos depois, Rui recusaria o convite para chefiar a delegação brasileira na Conferência de Versalhes (1919), que estipulou os termos da paz entre vitoriosos e derrotados na Primeira Guerra.
Com seu enorme prestígio, Rui Barbosa candidatou-se duas vezes à Presidência da República (nas eleições de 1910, contra Hermes da Fonseca, e nas de 1919, contra Epitácio Pessoa em 1919), mas foi derrotado em ambas.
Como jornalista, escreveu para diversos órgãos, em especial "A Imprensa", o "Jornal do Brasil" e o "Diário de Notícias", tendo presidido esse último. Sócio-fundador da Academia Brasileira de Letras, sucedeu a Machado de Assis na presidência da casa.
Rui Barbosa morreu aos 73 anos. Sua extensa bibliografia, em mais de cem volumes, reúne artigos, discursos, conferências e anotações políticas escritas durante toda uma vida. Sua vasta biblioteca, com mais de 50 mil títulos, pertence à Fundação Casa de Rui Barbosa, em sua antiga residência no Rio.
"Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o “eu” feliz a qualquer custo, buscando a tal “felicidade” em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar o meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos “floreios” para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre “contestar”, voltar atrás e mudar o futuro. Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredado por caminhos que não quero percorrer... Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade. Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro! De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
(Rui Barbosa, 1914)


VOCÊ SABIA?

Algumas frases de Rui Barbosa


Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade. (Rui Barbosa – Coletânea Literária, 211).

Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela tolerância. Eu não substituo a fé pela supertição, a realidade pelo ídolo. (Rui Barbosa – O Partido Republicanos Conservador, 61).

A esperança é o mais tenaz dos sentimentos humanos: o náufrago, o condenado, o moribundo aferram-se-lhe convulsivamente aos últimos rebentos ressequidos. (Rui Barbosa – A Ditadura de 1893, IV-207).

"Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado ! " (Rui Barbosa)

O homem, reconciliando-se com a fé, que se lhe esmorecia, sente-se ajoelhado ao céu no fundo misterioso de si mesmo. (Rui Barbosa – A Grande Guerra, 12).


O escritor curto em idéias e fatos será, naturalmente, um autor de idéias curtas, assim como de um sujeito de escasso miolo na cachola, de uma cabeça de coco velado, não se poderá esperar senão breves análises e chochas tolices. (Rui Barbosa – A Imprensa e o Dever da Verdade, 9).

Em cada processo, com o escritor, comparece a juízo a própria liberdade. (Rui Barbosa – A Imprensa, III, 111).

Se os fracos não tem a força das armas, que se armem com a força do seu direito, com a afirmação do seu direito, entregando-se por ele a todos os sacrifícios necessários para que o mundo não lhes desconheça o caráter de entidades dignas de existência na comunhão internacional. (Rui Barbosa – A Revogação da Neutralidade Brasileira, 33).

A existência do elemento servil é a maior das abominações. (Rui Barbosa – Coletânea Literária, 28).

Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro. (Rui Barbosa – Colunas de Fogo, 79).

Na paz ou na guerra, portanto, nada coloca o exército acima da nação, nada lhe confere o privilégio de governar. (Rui Barbosa – Contra o militarismo, 1.° série, 131)..

O espírito da fidelidade e da honra vela constantemente, como a estrela da manhã da tarde, sobre essas regiões onde a força e o desinteresse, o patriotismo e a bravura, a tradição e a confiança assentaram o seu reservatório sagrado. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 226).

Um povo cuja fé se petrificou, é um povo cuja liberdade se perdeu. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 263).

A soberania da força não pode ter limites senão na força. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 377).

O exército não é um órgão da soberania, nem um poder. É o grande instrumento da lei e do governo na defesa nacional. (Rui Barbosa – Ditadura e República, 138).

Nenhum povo que se governe, toleraria a substituição da soberania nacional pela soberania da espada. (Rui Barbosa – Ditadura e República, 143).

Embora acabe eu, a minha fé não acabará; porque é a fé na verdade, que se libra acima dos interesses caducos, a fé invencível. (Rui Barbosa – Elogios e Orações, 161).

Os que ousam ser leais à sua fé, são cobertos até de ridículo. (Rui Barbosa – Novos Disc. E Conf., 194).

A espada não é a ordem, mas a opressão; não é a tranqüilidade, mas o terror, não é a disciplina, mas a anarquia não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia mas a bancarrota. (Rui Barbosa – Novos Discursos e Conferências, 317).

Outrora se amilhavam asnos, porcos e galinhas. Hoje em dia há galinheiros, pocilgas e estrebarias oficiais, onde se amilham escritores. (Rui Barbosa e dever da Verdade, 23).

A mesma natureza humana, propensa sempre a cativar os subservientes, nos ensina a defender-nos contra os ambiciosos. (Rui Barbosa - D. e conferências, 382)

A acusação é sempre um infortúnio enquanto não verificada pela prova. (Rui Barbosa - Novos discursos e confissões, 112)

Criaturas que nasceram para ser devoradas, não aprendem a deixar-se devorar. (Rui Barbosa - Elogios e orações, 262)

Não há outro meio de atalhar o arbítrio, senão dar contornos definidos e inequívocos à condição que o limita. (Rui Barbosa - Coletânea jurídica, 35)

Sem o senso moral, a audácia é a alavanca das grandes aventuras.
(Rui Barbosa - Colunas de Fogo, 65)

Quanto maior o bem , maior o mal que da sua inversão procede.
(Rui Barbosa - A Imprensa e o Dever Da Verdade)

É preciso ser forte e conseqüente no bem, para não o ver degenerar em males inesperados.
(Rui Barbosa - Ditadura e República, 45)

Só o bem neste mundo é durável, e o bem, politicamente, é todo justiça e liberdade, formas soberanas da autoridade e do direito, da inteligência e do progresso.
(Rui Barbosa - O Partido Republicano Conservador, 46)

A eleição indireta tem por base o pressuposto de que o povo é incapaz de escolher acertadamente os deputados.
(Rui Barbosa - Discursos e Conferências)

No culto dos grandes homens não pode entrar a adulação. (Rui Barbosa - E. Eleitoral aos E. de Bahia e Minas, 120)

O ensino, como a justiça, como a administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade, com que se pratica, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe consagrem.  (Rui Barbosa - Plataforma de 1910, 37)

Fonte:
http://www.casaruibarbosa.gov.br/paracriancas/pdfs/ruibarbosa.pdf
http://www.paralerepensar.com.br/rbarbosa.htm


O neto pediu um livro emprestado e Rui orientou: "Na primeira estante, na segunda prateleira de baixo para cima, pegue a terceira obra da esquerda para a direita." O moleque seguiu as instruções e quase não acreditou. Entre os mais de 30 mil volumes, o livro estava no local exato. VOCÊ SABIA? Corria à boca pequena que o jurista pagava para não passar perto de um pobre. Consultor jurídico da Light, foi acusado de mandar retirar a linha de bonde popular que passava em frente à sua casa, na rua São Clemente, em Botafogo, para não incomodá-lo, o que era pura invenção.

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