sábado, 21 de agosto de 2010

Albert Einstein



Albert Einstein foi um físico e humanista alemão
(14 de março 1879 – 18 de abril 1955), autor da teoria
da relatividade e de importantes estudos em ondulatória.

Albert Einstein, nascido em 14 de Março de 1879 — Princeton, 18 de Abril de 1955) foi um físico teórico alemão radicado nos Estados Unidos. 100 físicos renomados o elegeram, em 2009, o mais memorável físico de todos os tempos.[1]É conhecido por desenvolver a teoria da relatividade. Recebeu o Nobel de Física de 1921, pela correta explicação do efeito fotoeléctrico; no entanto, o prémio só foi anunciado em 1922. O seu trabalho teórico possibilitou o desenvolvimento da energia atômica, apesar de não prever tal possibilidade.


Devido à formulação da teoria da relatividade, Einstein tornou-se mundialmente famoso. Nos seus últimos anos, sua fama excedeu a de qualquer outro cientista na cultura popular: "Einstein" tornou-se um sinónimo de génio. Foi por exemplo eleito pela revista Time como a "Pessoa do Século", e a sua face é uma das mais conhecidas em todo o mundo. Em 2005 celebrou-se o Ano Internacional da Física, em comemoração aos cem anos do chamado "Annus Mirabilis" (ano miraculoso) de Einstein, em que este publicou quatro dos mais fundamentais artigos cientifícos da física do século XX. Em sua honra, foi atribuído o seu nome a uma unidade usada na fotoquímica, o einstein, bem como a um elemento químico, o einstênio.



Albert Einstein nasceu na região alemã de Württemberg, na cidade de Ulm, numa família judaica. Em 1852, o avô materno de Einstein, Julius Koch, estabelece-se como comerciante de cereais em Bad Cannstatt, nos arredores de Estugarda. Os pais de Einstein, Hermann Einstein e Pauline Koch, casaram-se em 8 de agosto de 1876. Hermann, que era comerciante, muda-se de Bad Buchau para a cidade de Ulm, onde passou a viver com a esposa. É em Ulm que nasce Albert Einstein, em 14 de março de 1879.[2]

Munique


Em 21 de Junho de 1880, a família Einstein muda-se para Munique, onde Hermann e seu irmão mais novo Jakob, então solteiro, que era engenheiro, dinâmico e empreendedor, fundam a empresa de materiais elétricos Jakob Einstein & Cie. Em 1885 os irmãos Einstein vendem sua parte da firma e investem seu capital, adicionado ao crédito de parentes, fundando a "Elektrotechnische Fabrik J. Einstein & Cie", convencidos de que este setor em pleno crescimento oferece melhor rentabilidade do que o tradicional negócio de penas de colchão.


Na década de 1880, a cidade de Munique, em processo de industrialização (relativamente tardio) desenvolveu-se muito, crescendo a população a um ritmo de dezessete mil novos habitantes por ano. O material eléctrico, uma tecnologia relativamente recente, tem alta conjuntura nestes anos. A empresa do pai de Einstein chegou a ter entre 150 e 200 trabalhadores nos seus melhores dias. Dois dos contratos que a empresa obteve foram a electrificação da cidade de Schwabing (hoje um bairro de Munique) e de Theresienwiese onde se realiza a famosa Oktoberfest de Munique.

A 18 de Novembro de 1881, nasce Maria Einstein (Maja). Einstein teria sempre uma relação muito íntima com a irmã. Einstein e Maja recebem uma educação não religiosa. Em casa não se come casher, a família não frequenta a sinagoga. O pai considera os ritos judeus como superstições antiquadas. Na casa dos Einstein imperava o espírito não dogmático. Com três anos, Einstein tinha ainda dificuldades de fala, o que preocupou os pais; apesar disso, revelou-se um aluno brilhante.[3][4] A juventude de Einstein é solitária. As outras crianças chamam-lhe "Bruder Langweil" (irmão tédio) e "Biedermann" (mesquinho). Aos cinco anos de idade, Einstein recebe instrução de uma professora em casa. Sua instrução termina quando Einstein aborrecido arremesa uma cadeira sobre sua professora. Nesta altura, o seu pai mostra-lhe uma bússola de bolso; Einstein apercebeu-se de que algo fazia flutuar a agulha no espaço e descreveu mais tarde a "impressão profunda e duradoura" desta experiência.[5] Aos seis anos de idade, Einstein tem aulas de violino com Herr Schimied, que a princípio não lhe agradam, terminando por abandoná-las. Mas ao longo da sua vida tocar violino, e em particular as sonatas de Mozart, torna-se uma das suas actividades preferidas.


Em 1 de Outubro de 1885, Einstein começa a frequentar uma escola primária Volksschule, escola católica em Munique (uma cidade fortemente conservadora que sempre permaneceu maioritariamente católica, apesar das simpatias iniciais por Lutero, bem cedo combatidas pelos Jesuítas). Os pais de Einstein, por não serem judeus praticantes, não se importaram que o filho frequentasse inclusive a catequese, que agradou bastante a Einstein.[6] Curiosamente Einstein desenvolve sozinho uma fervente fé judaica e passa a cumprir os rituais judeus incluindo o Shabat e a comida kosher. Einstein era aluno seguro e persistente, no entanto um pouco lento na resolução de problemas. Suas notas estavam entre as melhores da classe, e seu boletim era brilhante, segundo sua mãe Pauline. Durante esses anos obteve as mais altas notas em latim e em matemática.

Uma lenda amplamente divulgada,[7] diz que Einstein teria sido reprovado em matemática quando era estudante, inclusive reproduzida no famoso Ripley's believe it or not! ("Acredite se quiser"). Entretanto quando lhe mostraram um recorte de jornal com esta questão, Einstein riu. "Nunca fui reprovado em matemática", retrucou. "Antes dos quinze anos, já dominava cálculo diferencial e integral"


Aos dez anos, Albert conhece Max Talmud, um jovem estudante de medicina que costuma jantar com a família Einstein. Max foi uma influência importantíssima na vida de Albert porque o introduziu, apesar da sua tenra idade, à leitura de importantes obras científicas e filosóficas, como por exemplo Os Elementos de Euclides ou a Crítica da Razão Pura de Kant. Em consequência dos seus estudos sobre ciência, Einstein abandona completamente a fé judaica aos doze anos.
Einstein estudou cálculo diferencial e integral dos doze (idade em que ganhou de seu tio um livrinho de geometria euclidiana) aos dezesseis anos de idade. Mais tarde frequentou o Luitpold Gymnasium (equivalente à escola secundária) em Munique até aos quinze anos. Este período para Einstein foi de intensa religiosidade, motivada pela escola. O seu pai pretendia que Einstein estudasse engenharia eléctrica, mas este incompatibilizou-se com as autoridades e o regime escolar. Descreveria mais tarde como o pensamento criativo e a aprendizagem eram perdidos com a utilização de aprendizagem por memorização.
Entretanto, os negócios do pai de Einstein começam a correr pior do que se esperava. Há uma grande concentração da indústria do sector eléctrico. Como é típico com os mercados tecnológicos, após o período de grandes números de empresas pequenas e inovadoras, há um ciclo de reestruturações e concentração. Hermann Einstein vê-se obrigado a largar o controle da sua empresa de Munique. A firma é comprada em 1894 pela AEG (Allgemeine Elektrizitätsgesellschaft). Poucos anos depois, em 1910, existiriam apenas duas grandes empresas no sector: Siemens & Halske e a AEG.

Itália


Em 1894 Hermann Einstein muda-se com a família para Itália, primeiro para Milão e, alguns meses mais tarde, para Pavia. Ele tencionava abrir ali um novo negócio no setor elétrico com o dinheiro de que dispunha, uma ideia que acabaria por levá-lo à falência.


O jovem Albert Einstein (tem quinze anos) permanece em Munique por mais uns meses ao cuidado de familiares, a fim de terminar o ano letivo. Einstein porém fica deprimido por sentir-se só e parte para junto de sua família na Itália. Einstein escreveu neste período o seu primeiro trabalho científico: "A Investigação do Estado do Éter em Campos Magnéticos".[8]


Suíça

Em 1895, decide entrar na universidade antes de terminar o ensino secundário. Com esse objectivo fez exames de admissão à ETH Zürich (Eidgenössische Technische Hochschule, Universidade Federal Suíça em Zurique), mas é reprovado na parte de humanidades dos exames.[9] Einstein descreveu que foi nesse mesmo ano, aos dezesseis anos de idade, que realizou a sua primeira experiência mental, visualizando uma viagem lado a lado com um feixe de luz.[10] Foi então enviado para a cidade de Aarau no cantão suíço de Argóvia para terminar a escola secundária, onde estudou a teoria electromagnética de Maxwell. Em 1896 recebe o seu diploma.


Em 1896, Einstein (com dezassete anos de idade) renuncia à cidadania alemã com o intuito de assim evitar o serviço militar alemão.

Cursou o ensino superior na Suíça, na ETH Zürich, onde mais tarde foi docente. Concluiu a graduação em Física em 1900.[11] Também em 1900, conheceu Michele Besso, que o apresentou às obras de Ernst Mach. No ano seguinte, publicou um artigo sobre forças capilares no Annalen der Physik,[12] uma das mais prestigiadas publicações científicas em Física.

Pede então a naturalização suíça, que receberia a 21 de Fevereiro de 1901. Pagou os vinte francos suíços que o seu passaporte custou (uma quantia considerável) com as suas próprias poupanças. Nunca deixaria de ser cidadão suíço.[13] Nas inúmeras viagens que faria no futuro, Einstein usaria o seu passaporte suíço. A 6 de Janeiro de 1903 casou-se com Mileva Marić, sem a presença dos pais da noiva. Albert e Mileva tiveram três filhos: Lieserl Einstein, Hans Albert Einstein e Eduard Einstein. A primeira, presume-se que tenha morrido ainda bebé ou que tenha sido dada para adoção, o do meio tornou-se um importante professor de Hidráulica na Universidade da Califórnia e o mais jovem, formado em Música e Literatura, morreu num hospital psiquiátrico suíço.

Casal Albert Einstein e Mileva

AnnusMirabilis


Obteve o doutorado em 1905. No mesmo ano escreveu quatro artigos fundamentais para a Física Moderna, afirmando-se por esta razão que 1905 foi o "annus mirabilis" para Einstein.

Foto para o Prêmio Nobel, em 1921.


O primeiro artigo de 1905[14] propôs a ideia dos "quanta de luz" (os atuais fótons) e mostrou como é que poderiam ser utilizados para explicar fenômenos como o efeito fotoelétrico. A teoria dos quanta de luz de Einstein não recebeu quase nenhum apoio por parte dos físicos durante vinte anos, pois contradizia a teoria ondulatória da luz subjacente às equações de Maxwell. Mesmo depois das experiências terem demonstrado que as equações de Einstein para o efeito fotoeléctrico eram exatas, a explicação proposta por ele não foi aceita. Em 1921, quando recebeu o prêmio Nobel pelo seu trabalho sobre o efeito fotoelétrico, a maior parte dos físicos ainda pensava que as equações estavam correctas, mas que a ideia de quanta de luz seria impossível.


O segundo artigo deste ano foi sobre o movimento browniano,[15] que constitui uma evidência experimental da existência dos átomos. Antes deste artigo, os átomos eram considerados um conceito útil, mas sua existência concreta era controversa. Einstein relacionou as grandezas estatísticas do movimento browniano com o comportamento dos átomos e deu aos experimentalistas um método de contagem dos átomos através de um microscópio vulgar. Wilhelm Ostwald, um dos que se opunham à ideia dos átomos, disse mais tarde a Arnold Sommerfeld que mudou de opinião devido à explicação de Einstein do movimento browniano.

O terceiro artigo de 1905,[16] sobre eletrodinâmica de corpos em movimento, introduziu a relatividade restrita. Estabeleceu uma relação entre os conceitos de tempo e distância. Algumas das ideias matemáticas já haviam sido introduzidas um ano antes pelo físico neerlandês Hendrik Lorentz, mas Einstein mostrou como era possível entender esses conceitos. O seu trabalho baseou-se em dois axiomas: um foi a ideia de Galileu de que as leis da natureza são as mesmas para todos os observadores que se movem a uma velocidade constante relativamente uns aos outros; o outro, a ideia de que a velocidade da luz é a mesma para todos os observadores. A relatividade restrita tem algumas consequências importantes, já que são rejeitados conceitos absolutos de tempo e tamanho. A teoria ficou conhecida mais tarde por "Teoria da Relatividade Restrita" para ser distinguida da teoria geral que Einstein desenvolveu mais tarde, a qual considera que todos os observadores são equivalentes.

No quarto artigo,[17] uma extensão do terceiro, Einstein introduz o conceito de massa inercial. Nele, Einstein deduziu a famosa relação entre a massa e a energia: E = mc2. (Embora Umberto Bartocci, tenha afirmado que a equação teria sido publicada primeiramente em 1903, pelo italiano Olinto De Pretto).[18] Esta equação esteve na base de construção de bombas nucleares. A ideia serviu mais tarde para explicar como é que o Big Bang, uma explosão de energia, poderia ter dado origem à matéria.


Berlim

Em 1914, pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial, Einstein instalou-se em Berlim onde foi nomeado director do Instituto Kaiser Wilhelm de Física (1917 - 1933), sendo senador da Sociedade Kaiser Wilhelm (1923 - 1933), e professor da Universidade de Berlim, tornando-se, novamente, cidadão alemão no mesmo ano.

Em novembro de 1915, Einstein apresentou perante a Academia de Ciências da Prússia uma série de conferências onde apresentou a sua teoria da relatividade geral sob o título "As equações de campo da gravitação." A conferência final culminou com a apresentação de uma equação que substituiu a lei da gravitação de Isaac Newton. Esta teoria considera que todos os observadores são equivalentes, e não só aqueles que se movem a velocidade uniforme. Na relatividade geral, a gravidade não é uma força (como na segunda lei de Newton) mas uma consequência da curvatura do espaço-tempo. A teoria serviu de base para o estudo da cosmologia e deu aos cientistas ferramentas para entenderem características do universo que só foram descobertas bem depois da morte de Einstein.

A relação de Einstein com a Física Quântica é bastante interessante. Ele foi o primeiro a afirmar que a teoria quântica era revolucionária. A sua ideia de luz quântica foi um corte com a Física clássica. Em 1909, Einstein sugeriu numa conferência que era necessário encontrar uma forma de entender em conjunto partículas e ondas. No entanto, em meados dos anos 1920, quando a teoria quântica original foi substituída pela nova mecânica quântica, Einstein discordou da interpretação de Copenhaga porque ela defendia que a realidade era aleatória ou probabilística. Einstein concordava que a Mecânica Quântica era a melhor teoria disponível, mas procurou sempre uma explicação determinista, isto é não-probabilística.

A famosa afirmação de Einstein, "A mecânica quântica está a impor-se. Mas uma voz interior diz-me que ainda não é a teoria certa. A teoria diz muito, mas não nos aproxima do segredo do Velho (the Old One). Eu estou convencido que Ele não joga aos dados.", apareceu numa carta a Max Born datada de 12 de Dezembro de 1926. Não era uma rejeição da teoria estatística. Ele tinha usado a análise estatística no seu trabalho sobre movimento browniano e sobre o efeito fotoeléctrico. Mas Einstein não acreditava que, na sua essência, a realidade fosse aleatória. O seu pacifismo e a sua origem judaica tornaram-no impopular entre os nacionalistas alemães. Depois de se ter tornado mundialmente famoso (em 7 de Novembro de1919, quando o Times de Londres anunciou o sucesso da sua teoria da gravidade) o ódio dos nacionalistas tornou-se ainda mais forte.

Em 1919, ano da famosa confirmação do desvio de luz em Sobral e Príncipe, Albert Einstein divorcia-se de Mileva e casa-se com a sua prima divorciada Elsa. Em 1920, durante uma de suas aulas em Berlim, há um incidente com manifestações anti-semitas, o que levou Einstein a deter-se com mais atenção aos factos que então ocorriam na Alemanha.

Albert Einstein em 1921

Em 1921, Einstein acompanha uma delegação Sionista à Palestina. Ele propõe para a Palestina um estado baseado no modelo suíço, onde muçulmanos e judeus poderiam viver lado a lado em paz. Sendo um físico famoso, Einstein participa numa campanha de angariação de fundos para a Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele apoia o plano de uma universidade onde judeus de todo o mundo possam estudar sem serem vítimas de discriminação.

Albert Einstein e sua esposa Elsa.

Recebeu o Nobel de Física de 1921 pela explicação do efeito fotoeléctrico; no entanto, o prémio só foi anunciado em 1922. Einstein receberia a quantia de 120 000 coroas suecas. Einstein não participou da cerimónia de atribuição do prémio pois encontrava-se no Japão nessa altura. Ao longo de sua vida, Einstein visitaria diversos países, incluindo alguns da América Latina. Entre 1925 e 1928, Einstein foi presidente da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Em 1933, Adolf Hitler chega ao poder na Alemanha. Einstein, judeu, encontra-se agora em perigo. É avisado por amigos de que há planos para o seu assassinato e é aconselhado a fugir. Einstein renuncia mais uma vez à cidadania alemã. A 7 de Outubro de 1933, Einstein parte do porto de Southampton num navio para os Estados Unidos, o seu novo lar. Nunca voltaria a viver na Europa. Participou da 1ª, 2ª, 5ª e 7ª Conferência de Solvay.

Brasil

Carlos Chagas e a equipe do Instituto Oswaldo Cruz, em recepção a Albert Einstein.
Einstein fez uma viagem à América do Sul, em 1925, visitando países como Argentina, Uruguai e também o Brasil.[19] Além de fazer conferências científicas, visitou universidades e instituições de pesquisas, o navio que o trouxe ao Brasil foi o Cap Polonio. Ficou hospedado no Hotel Glória e gostou da goiaba, servida no café da manhã. Em 21 de março passou pelo Rio de Janeiro, onde foi recebido por jornalistas, cientistas e membros da comunidade judaica. Visitou o Jardim Botânico e fez o seguinte comentário, por escrito, para o jornalista Assis Chateaubriand: "O problema que minha mente formulou foi respondido pelo luminoso céu do Brasil".[20] Tal afirmação dizia respeito a uma observação do eclipse solar registrada na cidade cearense de Sobral por uma equipe de cientistas britânicos, liderada por Sir Arthur Stanley Eddington, que buscava vestígios que pudessem comprovar a Teoria da Relatividade, até então mera especulação. Albert Einstein nunca chegou a visitar a cidade de Sobral.

Em 24 de abril de 1925, Einstein deixou Buenos Aires e alcançou Montevidéu. Fez ali três conferências e, tal como na Argentina, participou de várias recepções e visitou o presidente da República. Permaneceu no Uruguai por uma semana, de onde saiu no primeiro de maio, em direção ao Rio de Janeiro, no navio Valdívia. Desembarcou novamente no Rio de Janeiro em 4 de maio. Nos dias seguintes percorreria vários pontos turísticos da cidade, incluindo o Pão de Açucar, o Corcovado e a Floresta da Tijuca. As anotações de seu diário ilustram bem suas percepções quanto à natureza tropical do local.[21] No dia 6 de Maio, visitou o então presidente da República, Artur Bernardes, além de outros ministros.[20]


Seu programa turístico-científico no Brasil incluiu diversas visitas a instituições, como o Museu Nacional, a Academia Brasileira de Ciências e o Instituto Oswaldo Cruz, e duas conferências: uma no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro e a outra na Escola Politécnica do Largo de São Francisco, atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Através de ondas da rádio Sociedade, criada em 1923, Einstein proferiu em alemão uma mensagem à população, que foi traduzida pelo químico Mário Saraiva.[19] Nesta mensagem, o cientista destacou a importância dos meios radiofônicos para a difusão da cultura e do aprendizado científico, desde que sejam utilizados e preservados por profissionais qualificados.[19]

Einstein deixaria o Rio no dia 12 de maio. Essa sua visita foi amplamente divulgada pela imprensa e influenciou na luta pelo estabelecimento de pesquisa básica e para a difusão das ideias da física moderna no Brasil.[19] Deixando o Rio, o já famoso físico alemão enviou, do navio, uma carta ao Comitê Nobel. Nesta carta, sugeria o nome do marechal Cândido Rondon para o Nobel da Paz.[20] Einstein teria se impressionado com o que se informou sobre as atividades de Rondon em relação à integração de tribos indígenas ao homem civilizado, sem o uso de armas ou algo do tipo.[20]

Princeton

Em 1932 aceitou uma posição no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, Nova Jersey como professor de física teórica e em 1933 com a subida dos Nazis decidiu viver permanentemente aí.

Einstein passou os últimos quarenta anos de sua vida tentando unificar os campos eletromagnético e o gravitacional numa única teoria que ele chamava de Teoria do Campo Unificado. Procurou unificar as forças fundamentais, isto é a força gravitacional e a força electromagnéctica, numa teoria que descrevesse as forças como uma única força, do mesmo modo que a teoria de Maxwell une as forças eléctrica e magnética. No entanto não incluía no seu modelo as forças nucleares forte e fraca, que na época, e até 1970, não eram compreendidas como forças separadas. Em 1941 tem início o Projecto Manhattan (o desenvolvimento de uma bomba atômica). Pronunciamento oficial do próprio Albert Einstein sobre o referido tema:[22]

Albert Einstein em seu último ano de vida.

Minha responsabilidade na questão da bomba atômica se limita a uma única intervenção: escrevi uma carta ao Presidente Roosevelt. Eu sabia ser necessária e urgente a organização de experiências de grande envergadura para o estudo e a realização da bomba atômica. E o disse. Conhecia também o risco universal causado pela descoberta da bomba. Mas os sábios alemães se encarniçavam sobre o mesmo problema e tinham todas as chances de resolvê-lo. Assumi portanto minhas responsabilidades. E no entanto sou apaixonadamente um pacifista e minha maneira de ver não é diferente diante da mortandade em tempo de paz. Já que as nações não se resolvem a suprimir a guerra por uma ação conjunta, já que não superam os conflitos por uma arbitragem pacífica e não baseiam seu direito sobre a lei, elas se vêem inexoravelmente obrigadas a preparar a guerra. Participando da corrida geral dos armamentos e não querendo perder, concebem e executam os planos mais detestáveis. Precipitam-se para a guerra. Mas hoje, a guerra se chama o aniquilamento da humanidade. Protestar hoje contra os armamentos não quer dizer nada e não muda nada. Só a supressão definitiva do risco universal da guerra dá sentido e oportunidade à sobrevivência do mundo. Daqui em diante, eis nosso labor cotidiano e nossa inabalável decisão: lutar contra a raiz do mal e não contra os efeitos. O homem aceita lucidamente esta exigência. Que importa que seja acusado de anti-social ou de utópico? Gandhi encarna o maior gênio político de nossa civilização. Definiu o sentido concreto de uma política e soube encontrar em cada homem um inesgotável heroísmo quando descobre um objetivo e um valor para sua ação. A Índia, hoje livre, prova a justeza de seu testemunho. Ora, o poder material, em aparência invencível, do Império Britânico foi submergido por uma vontade inspirada por ideias simples e claras. — Albert Einstein

Em 1945, Einstein reforma-se da carreira universitária. Em 1952, David Ben-Gurion, então o primeiro-ministro de Israel, convida Albert Einstein para suceder a Chaim Weizmann no cargo de presidente do estado de Israel. Einstein agradece mas recusa, alegando que não está à altura do cargo.

Morreu em 18 de Abril de 1955, aos 76 anos, em conseqüência de um aneurisma. O seu corpo foi cremado mas seu cérebro foi doado ao cientista Thomas Harvey, patologista do Hospital de Princeton.[carece de fontes?]O cérebro de Einstein pesava 1230 g, enquanto a média para homens é de 1400 g. Seu volume também era menor, estava quatro centímetros abaixo da média. Essa diminuição de peso e volume pode estar relacionada à idade com que o cientista morreu: 76 anos.[23]


Política e religião


Einstein considerava-se um socialista.[24] Neste artigo de 1949, descreveu a "fase predatória do desenvolvimento humano", exemplificada pelo anarquismo capitalista da sociedade, como uma origem de mal a ser ultrapassada. Não concordava com os regimes totalitários de inspiração socialista. No início, foi a favor da construção da bomba atómica para derrotar Adolf Hitler, mas depois da guerra fez pressão a favor do desarmamento nuclear e de um governo mundial.


Pelo facto de defender os direitos civis e das suas ideias socialistas, Einstein chamou a atenção do FBI, que o investigou sob a acusação de pertencer ao Partido Comunista. O governo americano recentemente liberou os arquivos que contêm a sua visão sobre a pessoa de Einstein e as suas actividades pessoais e políticas. Num desses arquivos comenta-se que o cientista era "inadmissível para os Estados Unidos" por várias razões, principalmente porque, segundo as palavras dos serviços, cria, aconselhava e ensinava uma doutrina anarquista, além de ser membro e afiliado a grupos que admitiam "actuar ilegalmente contra os princípios fundamentais do governo organizado".

 Einstein e Robert Oppenheimer.

Einstein era profundamente pacifista, tendo intervindo diversas vezes a favor da paz no mundo e do abandono das armas nucleares. Em 1944, um manuscrito do seu trabalho de 1905, devidamente autografado, foi leiloado, e os cerca de seis milhões de dólares arrecadados foram revertidos para a ajuda às vítimas da Segunda Guerra Mundial. Este documento encontra-se hoje na Biblioteca do Congresso dos EUA.



Uma semana antes de sua morte assinou a sua última carta, endereçada a Bertrand Russell, concordando em que o seu nome fosse incluído numa petição exortando todas as nações a abandonar as armas nucleares.

Einstein era também um sionista cultural convicto, tendo em diversas ocasiões defendido o desenvolvimento do Estado Judaico na Palestina. Em particular, foi membro do conselho de governadores da Universidade Hebraica de Jerusalém. Sendo antinacionalista e pacifista, esteve no entanto contra alguns dos acontecimentos que levaram ao nascimento do Estado Judaico. Einstein acreditava que o estado de Israel deveria acolher judeus e palestinos de modo pacífico, num modelo confederacional semelhante ao do estado suíço.

Einstein era religioso, no entanto não professava a fé judaica. Do ponto de vista religioso, ele se encontrava entre o panteísmo de Baruch Spinoza e o deísmo na qual se acredita que é com a razão, e não com a Fé, que se chega a Deus. Alguns historiadores argumentam que, devido a suas declarações, tanto panteístas quanto deístas ao longo de sua vida, talvez ele seja melhor classificado como um pandeísta.

Acreditava que Deus se revelava através da harmonia das leis da natureza e rejeitava o Deus pessoal que intervém na História. Era também crente no total determinismo do universo e excluía a possibilidade do livre arbítrio dos seres humanos. Para Einstein "o Homem é livre de fazer o que quer, mas não é livre de querer o que quer", o que significa que o Homem age sempre de forma compulsiva, sem uma verdadeira liberdade, todos os seus actos sendo determinados pelas leis da natureza.

Selo mostrando Albert Einstein. Este selo foi confeccionado em 2005 em comemoração ao ano da física.

A seguinte carta breve de Einstein, escrita a 24 de setembro de 1946 a Isaac Hirsch, o presidente da Congregação B'er Chaym, ilustra bem a relação de Einstein com a religião judaica e o seu senso de humor típico:

Meu caro Sr. Hirsch,

muito obrigado pelo seu gentil convite. Apesar de eu ser uma espécie de Santo Judeu, tenho estado ausente da Sinagoga há tanto tempo, que receio que Deus não me iria reconhecer, e se me reconhecesse seria ainda pior. Com os meus melhores cumprimentos e votos de bons feriados para si e para a sua congregação. Agradecendo mais uma vez,


Em sua obra Como Vejo o Mundo no tema religiosidade, Einstein procura enfatizar seu ponto de vista do mundo e suas concepções em temas fundamentais à formação do homem, tais como o sentido da vida, o lugar do dinheiro, o fundamento da moral e a liberdade individual. O Estado, a educação, o senso de responsabilidade social, a guerra e a paz, o respeito às minorias, o trabalho, a produção e a distribuição de riquezas, o desarmamento, a convivência pacífica entre as nações são alguns dos temas que ele trata, entre outros.

Um breve discurso de Albert Einstein:

O espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica. Ela se distingue da crença das multidões ingênuas que consideram Deus um Ser de quem esperam benignidade e do qual temem o castigo - uma espécie de sentimento exaltado da mesma natureza que os laços do filho com o pai, um ser com quem também estabelecem relações pessoais, por respeitosas que sejam. Mas o sábio, bem convencido, da lei de causalidade de qualquer acontecimento, decifra o futuro e o passado submetidos às mesmas regras de necessidade e determinismo. A moral não lhe suscita problemas com os deuses, mas simplesmente com os homens. Sua religiosidade consiste em espantar-se, em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser seu nada irrisório. Este sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida, de sua coragem, na medida em que supera a servidão dos desejos egoístas. Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele que animou os espíritos criadores religiosos em todos os tempos.

Em 2008,[25] veio ao público uma carta de propriedade de um colecionador particular, cuja autoria é de Einstein, que levantou a hipótese que ele se tornou ateu no fim da sua vida. Ele escreve em determinado trecho que Deus segundo crenças populares é fruto da fraqueza humana, sendo a Bíblia uma coleção de lendas honradas ainda que primitivas, infantis. Nesta suposta carta Einstein ainda cita a religião judaica, desprezando qualquer diferença entre o povo judeu em relação aos outros povos. Essa carta mostra questões sobre a posição de Einstein em relação ao fanatismo religioso e as superstições, ele apresenta uma posição bastante crítica em relação a religião. Lembrando que na sua juventude, na visão de Einstein, Deus não tinha formas antropomórficas, mas ele tinha uma visão de Deus semelhante a Bento de Espinosa e a do Deismo. Levando alguns historiadores da classifica-lo como Pandeista - Vale ressaltar que esta validade da carta ainda está passando a exame de provas históricas.

Música
Era apreciador de música:
Se eu não fosse físico, seria provavelmente músico.
• "Was ich zu Bachs Lebenswerk zu sagen habe: Hören, spielen, lieben, verehren und – das Maul halten!"
-Tradução: "O que tenho a dizer sobre a obra de Bach? Ouvir, tocar, amar, adorar ... ficar calado!"
-Albert Einstein em resposta a um inquérito da revista alemã Illustrierten Wochenschrift, 1928.

Obras

Científica
• Movimento Browniano, 1905
• Efeito Fotoelétrico, 1905
• Teoria Especial da Relatividade, 1905
• Teoria Geral da Relatividade, 1916
• Investigações sobre a Teoria do Movimento Browniano, 1926
• Evolução da Física, 1938

Literária

• Como Vejo o Mundo, 1922-1934
• Sobre o Sionismo, 1930
• A Minha Filosofia, 1934
• Meus últimos anos, 1950
• Escritos da Maturidade, 1934-1950
• Notas Autobiográficas

Bibliografia
• I.C. Moreira e A.T. Tolmasquim, Um manuscrito de Einstein encontrado no Brasil, Ciência Hoje, vol. 21, n. 124, 22-29, (1995).
• I.C. Moreira and A.T. Tolmasquim, Einstein in Brazil: the communication to the Brazilian Academy of Sciences on the constitution of light, in History of Modern Physics, H. Kragh, G. Vanpaemel and P. Marage (eds.), pp. 229–242, BREPOLS, Turnhout, Belgium, 2002.
• A.T. Tolmasquim, Einstein - O viajante da relatividade na América do Sul, Vieira&Lent, Rio de Janeiro, 2004.
"Como Vejo o Mundo", 1922-1934
Pais, Abraham. "Sutil é o Senhor.":a ciência e a vida de Albert Einstein. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.

Referências

1. ↑ Einstein the greatest (em inglês).
2. ↑ Página do Nobel: The Nobel Prize in Physics 1921
3. ↑ Ze'ev Rosenkranz. Albert Einstein — Derrière l'image. Editions NZZ, Zürich, 2005. ISBN 3-03823-182-7
4. ↑ Thomas Sowell utilizou o nome de Einstein num livro sobre este tipo de crianças. Thomas Sowell. 'The Einstein Syndrome: Bright Children Who Talk Late'. Basic Books, 2001. pp.89–150. ISBN 0-465-08140-1
5. ↑ P. A. Schilpp (Ed.). Albert Einstein — Autobiographical Notes. Open Court, 1979. pp.8–9.
6. ↑ Time Magazine: Einstein & Faith
7. ↑ [1]
8. ↑ Mehra, Jagdish. Albert Einstein's first paper (PDF).
9. ↑ Roger Highfield. The Private Lives of Albert Einstein. London: Faber and Faber, 1993. pp.21. 0-571-17170-2
10. ↑ Albert Einstein. Autobiographical Notes (Centennial ed.). Chicago: Open Court, 1979. pp.48-51. 0-875-48352-6
11. ↑ A Brief Biography of Albert Einstein (em inglês) (Abril 2005).
12. ↑ Einstein, Albert (1901). "Folgerungen aus den Capillaritätserscheinungen (Conclusions Drawn from the Phenomena of Capillarity)". Annalen der Physik 4: 513.
13. ↑ Einstein's nationalities at einstein-website.de. Página visitada em 4 de Outubro de 2006.
14. ↑ Einstein, Albert (1905). "On a Heuristic Viewpoint Concerning the Production and Transformation of Light". Annalen der Physik 17: 132–148.
15. ↑ Einstein, Albert (1905). "On the Motion—Required by the Molecular Kinetic Theory of Heat—of Small Particles Suspended in a Stationary Liquid". Annalen der Physik 17: 549-560.
16. ↑ Einstein, Albert (1905). "On the Electrodynamics of Moving Bodies" (PDF) (em inglês). Annalen der Physik 17: 891–921.
17. ↑ Einstein, Albert (1905). "Does the Inertia of a Body Depend Upon Its Energy Content?". Annalen der Physik 18: 639–641.
18. ↑ (em inglês) Guardian - Einstein's E=mc2 was Italian's idea (acessado em 24 de agosto de 2009).
19. ↑ a b c d [I. C. MOREIRA E A. A. P. VIDEIRA (orgs.): Einstein e o Brasil, Editora da UFRJ, Rio de Janeiro, 1995.]
20. ↑ a b c d Site Oficial da Sociedade Brasileira de Física
21. ↑ [I. C. Moreira e A. T. Tolmasquim, Um manuscrito de Einstein encontrado no Brasil, Ciência Hoje, vol. 21, n. 124, 22-29, (1995).]
22. ↑ [Albert Einstein: Como vejo o mundo, ed. 15, 1981]
23. ↑ A mente de um gênio. Veja.com. Página visitada em 18 de outubro de 2009.
24. ↑ Monthly Review: Why Socialism?, acessado em 2 de maio de 2007
25. ↑ Carta que revela desdém de Einstein por religião vai a leilão
 


"O ser humano vivência a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior".


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